No meio da década de 90 tenho a boa lembrança de entrar em uma livraria, como eu fazia com certa frequência, acompanhado de minha mãe.
Era o começo do Plano Real onde 1 dólar também valia 1 real. Em outras palavras, nosso dinheiro comprava bem mais coisas e por menos dinheiro, se comparado com hoje.
Eis que me deparo com vários livros pequenos, mas com ilustrações fantásticas de criaturas e monstruosidades na capa. Fiquei perplexo!
Na época eu não sabia, mas o livro que eu acabara de adquirir (11. Planeta Rebelde) era parte de uma série de livros-jogos escritos pelos designers Ian Livingstone e Steve Jackson, onde a leitura não era linear e dependia das escolhas do leitor. Além disso, era preciso de lápis, borracha e dois dados de seis faces. No Brasil os livros tinham a marca “Aventura Fantástica”. Mais tarde descobri que a empresa original era inglesa e de nome “Fighting Fantasy“.
Continuando… Isso era tão novo pra mim que, mesmo com o livro em mãos, ignorei as instruções iniciais e fui logo para o “capítulo 1”. E esse foi meu erro! Por ter pulado as instruções no início do livro eu não sabia que não se tratavam de capítulos, mas de “partes” de uma história.
Não entendi nada. Não conseguia compreender a história mesmo diante das frases como “para continuar pelo corredor norte, vá para 54. Para abrir a porta, vá para 13”. O que significava isso? Pensei , tentei, mas não conseguia compreender…
Depois de ler e reler parte após parte na sequência, fiquei frustrado e abandonei a leitura diante de uma narrativa incompreensível. Eu estava lendo o livro de forma errada. Culpa da minha ânsia em devorar a história de um livro com aquela ilustração de capa fantástica.
Por uns meses o livro ficou encostado, até que um dia um de meus amiguinhos na época havia comprado o mesmo livro! Só que diferente de mim, ele leu as regras e pôde ler o livro e divertir-se um monte. Ele me explicou tudo e aí minha cabeça explodiu. Cada livro desse tipo apresentava uma aventura que poderia não apenas ser lida, mas jogada sozinha! E assim eu passei a conhecer o termo “aventura solo”.
Nos meses seguintes, quando era possível, retornava da livraria sempre com um livro desses. Essa nova experiência oriunda da fantasia e da interação com os livros-jogos era incrível, mesmo para uma época onde o Super Nintendo estava em alta.
Ao longo dos anos que se passaram esses livros receberam suas versões para dispositivos móveis, o que deu uma sobrevida a eles. Em meados de 2010 a empresa Tin Man Games através da Game Book Adventures desenvolveu versões digitais de alguns livros-jogos da Fighting Fantasy.
Já em 2016 foi lançado na Steam o jogo digital The Warlock of Firetop Mountain, uma versão muito mais imersiva de jogo baseado no primeiro livro da série, chamado no Brasil de “O Feiticeiro da Montanha de Fogo”.
Em 2017, depois de muito tempo afastado dos livros-jogos, a renascida Revista Dragão Brasil publicou em sua edição 119 uma curta aventura solo, chamada de “O Labirinto da Morte”, escrita por Athos Beuren e com ilustração de Walter Par.
Foi então que eu tive a vontade de unir a experiência de edição e dramatização sonora, dos podcasts do Tarrasque na Bota, com o texto da aventura solo. Para esse texto, eu queria gerar uma experiência sonora que chamei de ÁUDIO AVENTURA SOLO, ou seja, uma tipo de AUDIOGAME.
Fiz uma pesquisa na internet para saber se alguém já havia publicado esse tipo de áudio interativo, e para a minha surpresa não encontrei NADA, tanto em inglês quando em português! (se alguém souber de algo já publicado, por favor compartilhe no post!)
Iniciei então a edição dos áudios e a conversão para vídeos de Youtube.
O próximo desafio era descobrir como permitir as escolhas ao final de cada parte da aventura. Para isso então foi usada a opção de inserção de vídeo da ” Tela final e anotações” do Youtube.
Pronto! Depois de horas de trabalho de gravação e edição, está aqui de forma INÉDITA, O Primeiro ÁUDIO Aventura Solo!!! E conversamos com a Revista DB que nos autorizou a publicar essa experiência sonora não oficial (Nossos agradecimentos! ;))
Experimente e deixe seu comentário.
Boa diversão!
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