BadLands é um cenário de faroeste que mescla elementos históricos e sobrenaturais no qual grupos de aventureiros vivem suas histórias. Nesse conto acompanhamos a história de Lucky Lou e as peripécias deste cowboy inocente, desde as condições misteriosas de sua concepção, passando por suas andanças pelo oeste americano, até seu encontro com novos companheiros, Lone Phil, Tony Cabeça de Cone e Brody Hampton.
A História de Lucky Lou
Sorte e Saudades
Era um belo dia, o pasto estava verde, e o gado engordando lentamente. O calor da manhã, ainda não estava incomodando. O chapéu branco refletia a maior parte da luz do sol. Não que isso se fizesse necessário. A sombra da macieira já trazia um bom conforto.
Era um dia preguiçoso. Algumas poucas nuvens brancas emolduravam o céu bem azul. O descanso da noite anterior fora pouco, mas, fazer o quê? A sorte sempre sorria para quem a merecesse. E ele, “Lucky” Lou, tinha certeza de a merecer. Desde sempre, ele se lembrava de que as circunstâncias tendiam a favorecê-lo. Isso sempre parecera ser o normal. Ele imaginava que era assim, sempre, com todas as pessoas. Até que conheceu a história de Tony. Mas, não devemos nos adiantar na história.
Naquela manhã, Lucky estava sentado encostado na macieira, tirara as botas, e observava o gado, ao longe uns panos pareciam se mover, aproximando-se céleres por entre os grandes animais. A Cachorrinha, Eutykhia, estava dormindo no seu colo. Fora seu pai quem lhe dera o nome.
Seu pai era um estudioso, lia os grandes clássicos, os livros das mitologias e das ciências. Vivia, como dizia sua mãe, “no mundo da lua”. Ele falava que o nome da cachorrinha era o nome de uma deusa grega da sorte. E essa cachorrinha, com certeza havia sido sortuda. Fora resgatada por Lou, de um riacho, quando ele era pequeno, a pobrezinha vinha lutando para se manter acima d’água. Lou a avistara e, mesmo sem saber nadar, pulara no riacho. Por sorte, exatamente naquele ponto, havia um banco de areia e ele conseguira ficar em pé, enquanto salvava a cachorrinha.
Eutykhia era uma vira-latas branca, com uns olhos amendoados claros, “Olhos de ouro”, diziam. Teve uma vida, após encontrar Lou, extremamente feliz. E não saía de perto dele. Quando mais novo, Lou brincava com a cachorra, jogando uma bola de meias para que ela pegasse.
Naquele dia, no entanto, ela estava bem velha, já tinha, pelo menos, 15 anos de idade, talvez mais, e não corria mais atrás da bola. Lou já não jogava a bola pra cachorra ir buscar, mas andava para longe e jogava a bola na direção dela, que mancava um pouco e pegava a bola feliz.
Era uma belíssima manhã.
Os panos que se aproximavam começaram a tomar o formato de uma mulher, era a filha do fazendeiro.
Lou havia, há alguns anos, salvado esse pobre homem de uma enorme desgraça. O que acontecera, fora que, numa noite escura, o touro reprodutor arrebentara a porteira. O Fazendeiro, bêbado, não ouvira a comoção, e o gado, se perdera.
Para a sorte do fazendeiro, esse gado resolvera seguir na direção onde Lucky estava acampado. Qual não fora a sua surpresa ao acordar com uma bela vaca lambendo o seu rosto. O sonho era bom, mas era muito estranho que a menina, nele, tivesse começado a lamber o seu rosto.
Encontrando-se, dessa forma, rodeado por animais. Lucky subira em seu cavalo, e resolvera tocar o gado em uma direção que lhe parecera ser a certa. Por sorte, era, exatamente, de onde haviam fugido os animais.
O fazendeiro, que se desesperava, olhando o terreno vazio, mal pôde acreditar quando descendo a colina viu seus animais chegando, conduzidos por aquele rapaz de chapéu branco.
Naquele dia mesmo, jurou que nunca mais beberia. Contratara Lou, na mesma hora oferecendo um local para dormir, e um salário para cuidar do gado. Lou acabara por aceitar a oferta do jubiloso homem, pensando que a vida de um vaqueiro poderia ser interessante, afinal. E, claro, esse viúvo, tinha uma filha muito bonita.
— Oi Lou. — Sentou-se a menina ao lado dele, na macieira. A cachorrinha abanava o rabo feliz.
— Oi Dani. — Respondeu o rapaz, respeitoso.
— Meu pai me pediu pra te chamar pra tomar o café da manhã.
— Ói, que é uma boa ideia.
— Você vem logo?
— Estou aqui com a Eutykhia, sabe. Ela está bem cansada hoje.
A menina parou, e olhou para a cachorrinha que fechava os olhos, a pequena cauda balançando feliz, cada vez mais lentamente, ao se sentir próxima das duas pessoas que mais amava no mundo. Era um balanço errático, lento. A respiração cada vez mais fraca. Lou pegou a mão de Dani e falou:
— Foi muita sorte ocê ter chegado aqui Dani. Eu acho que ela queria ocê aqui junto dela.
— Ela está… — chorou um pouco a garota.
— Sim, sim… É assim mesmo. Ela está muito feliz, por isso que eu trouxe ela pra cá. Ela adora essa árvore. E olhar os boi, passando pra lá e pra cá, né? — Lou se deitou no chão, o rosto próximo à amiga canina.
Dani, imitou o amigo, e Eutykhia lambia o rosto dos dois. Cada vez mais lentamente. Uns passarinhos cantavam alegres, nesse momento, que, apesar de inevitável, não trazia tristeza aos amigos, somente saudades.
Sorte e Jogo
Depois de se despedir do fazendeiro e sua filha. Lou seguira por diversos caminhos. A ausência da cachorrinha se fazia sentir, mas, pelo menos, ela se fora feliz. Dani entendera os motivos para o afastamento de Lou. Eram muitas memórias e emoções naquela fazenda. Seu pai, não necessariamente. Falava que Lou era o filho que desejava ter tido e que poderia ser um bom genro. Tanto Dani quanto Lou coravam com essas palavras do bom homem. Afinal, conheciam-se há bastante tempo.
Hoje era um dia diferente. Fazia muitos anos que Lou não vagava pelo mundo. A poeira do caminho dava um tom meio melancólico no local, mas os passos cadenciados do cavalo de Lou pareciam agitar o ermo, e trazer alguma vida a um caminho vazio.
Ao longe parecia ser possível observar uma sombra. Certamente era uma cidade. O que foi uma boa sorte, visto que as provisões de água estavam acabando. Não estivesse essa cidade no caminho, a sede se faria sentir.
Apertando um pouco o galope. Lou foi se aproximando da cidade que se preparava para o início da vida noturna.
Chegando ao saloon, Lucky pôde perceber que a atmosfera era descontraída. Com muitas pessoas jogando e se divertindo.
Aproximou-se do balcão e pediu uma bebida
— Ói aqui. O sô tem uma coisa pra se beber?
— Aqui temos Whisky
— Então me passa uma dose, mas com gelo.
— Onde que vai ter gelo aqui nesse calor. Só tem puro.
— Diacho, puro é muito ruim.
— Então não tem.
O barman virou-se de costas indo atender outro freguês. Aproximando-se do bar, uma trabalhadora da noite abordou o vaqueiro.
— Você não bebe não?
— Noite, Senhora! Essa bebida é muito ruim sem gelo. Num desce não.
— Mas olha que eu nunca tinha ouvido falar disso de gelo na bebida.
— Pois é, lá na fazenda dondi eu morava era assim. Mas tinha só de vez em quando. O gelo derrete no calor, ocê sabe.
— Então não sei? Qual que é o nome de vossinhoria?
— Eu me chamo Lou, mas meus amigos me chamam de Lucky.
— Por que? É sortudo?
— Ói, eu só acho que cada um tem a sorte que merece. Minha mãe que falava isso. E eu sempre mereci.
— É meis? Então vamos fazê uma aposta seu Lucky?
— Aposta de quê, Sinhora?
— Eu quero vê se o sinhô é sortudo mesmo. Tá vendo ali? Aquele cara é o Olho-tonto. Ele nunca perde nas carta.
— E pra que eu vou mexê com isso. Essa deve ser a sorte dele, uai.
— Pro que eu não gosto dele não. Ele me machucou outro dia.
—Ói que um sujeito que machuca uma donzela não merece ter sorte não.
A prostituta conteve um risinho ao ser chamada de donzela, e falou:
— Eu num sô mais donzela não, Seu Lucky, mas gradecida. Vai lá, ganha dele que eu arrumo uma cama gostosa pru sinhô dormir hoje.
— Então tá certo. Qual que é o nome da Sinhora mesmo?
— Hermínia.
Lucky levantou-se dirigindo-se para a mesa. Olho-tonto estava acabando de ganhar uma boa soma de alguns homens que se levantaram irritados.
— Noite.
— Noite, estranho, nunca te vi aqui.
— Cheguei hoje. O Sinhô tá jogando?
— Tava, até agora. Por que?
— Eu tava afim de jogar. O Sinhô num qué não? — Falou Lucky dando um sorriso de canto de boca que fez o velho Olho-Tonto, pensar se não poderia ganhar mais uma grana desse sujeito desconhecido.
— Pois então a gente vai jogar.
O esquema de Olho-tonto era simples. Ele nascera com um defeito estranho e podia mexer os olhos de forma independente. Por sorte, fora tratado bem novo e mantivera uma visão razoável em ambos os olhos. Ele colocara um espelho estrategicamente posicionado atrás da mesa de forma a conseguir ver, por ele, as cartas dos oponentes. Isso lhe dava uma vantagem acima do normal. E, justamente por isso, “nunca perdia”. O problema era que as cartas não eram marcadas. Eram, pelo menos elas, justas. E, nessa noite, Olho-tonto começou a perder.
Lucky estava tirando combinação atrás de combinação dos tipos de cartas e resultados que lhe davam o maior retorno possível. E, apesar de ver suas cartas. Olho-Tonto não conseguia comprar, trocar, ou fazer qualquer coisa que o fizesse vencer.
A noite passou e Lucky multiplicou seu dinheiro. Olho-Tonto, então, decidiu tentar trapacear ainda mais. Ele tinha um baralho preparado, que, certamente, lhe traria a vitória. E, alegando cansaço, pediu para que trocassem de baralho.
Nesse instante, os perdedores das rodadas anteriores, que estavam por perto, torcendo enquanto viam Lucky ganhando rodada atrás de rodada, se colocaram à mesa.
— Pra que você quer trocar o baralho, Olho-tonto. O Lucky tá ganhando. É melhor deixar assim.
—Eu num tô jogando com vocês mais.
— É…
Nesse momento uma pessoa que passava, esbarrou no espelho posicionado, que caiu, se espatifando na mesa de cartas.
Todos pararam para olhar o espelho. Olho-tonto começou a suar frio.
— Então era assim que ocê ganhava, Olho-tonto! Trapaceiro!
— Não é assim não… — Tentou responder o jogador.
O outro perdedor meteu a mão no novo baralho que pulou das mãos de Olho-tonto, uma chuva de cartas preparadas.
O saloon estava quieto. Os homens começaram a espancar Olho-tonto que, desacordado, foi levado para longe.
— Agora nós vamos pegar nosso dinheiro de volta.
Lucky colocou a mão em cima da pilha de dinheiro e falou:
— Esse dinheiro é meu. Eu ganhei honestamente.
— Mas ele roubou da gente. Ocê tá querendo apanhar também?
— Que modos são esses? Eu vi que ele trapaceou. Mas eu não trapaceei. Então vamos fazer o seguinte: Vamos deixar a sorte decidir.
— Como assim?
— A gente joga cartas. Com um baralho novo. Quem ganhar, ganhou o dinheiro dum jeito honesto.
Os rufiões se entreolharam, e, ante o sorriso do jovem, acabaram por ver que era justa a proposta.
Sentaram-se. Com um baralho novo, trazido pelo barman.
O saloon inteiro parou para ver o que aconteceria nessa batalha de sorte.
A abertura favoreceu aos rufiões que recuperaram um pouco do dinheiro perdido com Olho-tonto. Lucky estava tranquilo, jogando e rindo. Hermínia sentara-se em seu colo, impressionada com os acontecimentos.
As jogadas seguiam, hora favorecendo um lado, hora o outro. Mas Lucky ia ganhando aos poucos, até que, chegara o término da partida.
A situação não parecia estar boa para Lucky. Os rufiões haviam recuperado seu dinheiro. E Lucky estava no zero a zero. Não tinha ganhado nada, nem perdido nada.
Era a vez de Lucky Jogar, e, somente uma carta poderia fazê-lo ganhar.
— Desiste? — Perguntou o Rufião, olhando para sua excelente mão, que praticamente não tinha chance de perder.
— Ói, eu não sei. Eu já estou como cheguei. Não ganhei nada. Então a gente está no zero a zero. Sem perder nem ganhar.
— Então desiste? Falou o outro rufião.
— Por que? Agora é que é a hora boa. Vamos apostar. Aqui.
Lucky pegou dinheiro equivalente à soma dos rufiões, que era todo o dinheiro que tinha. E colocou na mesa.
O rufião que ainda estava jogando olhou. Olhou a sua mão. Olhou pra cara de Lucky e decidiu.
— Vamos apostar então.
Casou o dinheiro na aposta e revelou suas cartas.
Lucky ainda tinha o direito de comprar uma carta. Ele olhou as suas e viu que a única forma de ganhar era com a carta da Dama de Espadas . Que em alguns locais representava a Dama da noite.As cartas compradas não garantiam a vitória. Somente com essa carta ele poderia ganhar.
O Rufião sorriu se preparando para pegar o dinheiro.
— Calma. Ainda posso comprar a última carta.
— Só um jogo pode ganhar a minha mão.
— Eu sei. Vou deixar ocê comprar a carta que me falta.
— Por quê?
— Pra você ver que eu sou honesto. Pode comprar.
O rufião hesitou um pouco. Mas comprou a carta. Exatamente a que garantia a vitória a Lucky. O Saloon explodiu em festa. Enquanto o Rufião olhava irritado para a mesa. Enquanto Hermínia beijava o rosto do campeão Lucky. O rufião levantou-se, subitamente. A mão na arma. O silêncio fez-se instantaneamente.
— Num é possível!
— Ué. Ocê que comprou a carta. Eu não tinha como trapacear.
— Num é possível.
Lucky sorriu e falou:
— Vamos homem. A sorte que a gente tem é a que a gente merece! Vou comprar bebida pra todo mundo aqui.
O Saloon inteiro festejou, ainda receoso do que poderia acontecer.
Uma sombra passou pelos olhos do rufião. E ele, guardando a arma falou:
— O Sinhô é um sujeito homem! Decente! Ganhou certo!
Estendeu a mão para Lucky que apertando-a de forma firme, falou.
—É assim mesmo! Eu tenho certeza que a sorte vai melhorar pro Sinhô.
Sorte e Azar
Naqueles dias Lucky saía de cidade em cidade, divertindo-se jogando, encontrando amigos, desfazendo problemas. Viajara de Nova Orleans ao Mississipi, conhecendo os Estados Unidos.
O mundo era jovem, e cheio de possibilidades. Dinheiro nunca fora problema, ele sempre conseguia o que precisava. Como não tinha moradia, vagava livre pelo mundo.
Numa dessas viagens, quando passava pelas terras assombradas do Mississipi, veio a encontrar algo que o faria pensar. Até então, Lucky sempre pensara que o mal era algo distante. Não tivera um encontro direto com ele. Suas preocupações imediatas eram a diversão e subsistência em abundância. Não opulência, veja bem. Apenas gostava de se alimentar bem, ter boas companhias, e camas confortáveis para descansar. Mesmo quando viajava, nos caminhos selvagens, sempre encontrava um canto de terra mais fofa, ou alguma vegetação macia para um descanso bom.
Não aqui. Aqui havia pântanos espalhados, grandes áreas alagadas, outras tantas com aspecto abandonado, e, mesmo a sorte extrema de Lucky, tinha dificuldades em encontrar algo bom. O caminho seguia por entre as árvores e Lucky agradecia pelas botas sempre encontrarem algum ponto fixo onde se apoiarem.
Adiante havia uma cabana. Do lado de fora dela, homens e mulheres negros pareciam trabalhar no chão. A cabana era lúgubre. De dentro dela um homem branco com a barba comprida e desgrenhada, o rosto maligno saíra. Percebendo Lucky, que se aproximava, gritou:
— Pare! Quem se aproxima?
— Noite, amigo! Estou procurando uma cidade aqui próxima.
— Não é noite, seu almofadinha! Ainda são seis da tarde!
— Ói, que é verdade! O Sinhô teria um pouco d’água pra me arrumar?
— Saia das minhas terras, se não quiser levar chumbo!
— Tudo certo moço, tudo certo, vou-me embora. Não precisa ficar irritado não.
Lucky foi se afastando, percebendo o olhar furioso do homem, e sentindo-se observado pelos negros que trabalhavam.
Eram seis da tarde, mas parecia ser altas horas da noite. O céu estava carregado de nuvens escuras, e uma tempestade parecia aproximar-se. Caminhando mais um pouco, Lucky acabou por esbarrar numa choupana pobre, isolada, de aspecto simples. Um raio explodiu uma árvore próxima, fazendo o cowboy dar um pulo à frente. Aproximando-se da choupana, abrigou-se sob o telhado que fazia uma pequena cobertura sobre a porta, exatamente quando iniciou um temporal.
Bateu à porta. Sons de pés antigos se aproximaram, a porta entreabriu-se e vindo de baixo, na altura da fechadura, uma voz se fez ouvir:
— Quem é?
— Noite! Desculpa incomodar dona, mas começou a chover, eu queria saber se a senhora se importaria de eu me abrigar aqui até a chuva passar.
Olhando o rapaz, encontrava-se uma velhinha negra, curvada sob a idade e os abusos que sofrera em seus longos anos de vida.
— A chuva tá apertando. Ocê num deve ficar aí não rapaz. Entre, a minha casa é humilde, mas é sequinha. Onde não tá pingando o teto. — Riu-se a velhinha, num sorriso desdentado.
Lucky agradeceu e entrou. A choupana era simples. Algumas goteiras começavam a pingar aqui e ali, dentro de uns potes estrategicamente posicionados.
— Me fale de ocê. Pro que que veio pra minha casa?
— Eu estou viajando, conhecendo esse nosso país. Ainda não sei o que procuro. E a senhora?
— Ué… Eu moro aqui. Por isso que vim pra minha casa. — Riu-se a velha.
— Ói, que deve ser isso mesmo. Mas me diga, sempre morou aqui?
— Não. Não. Eu era escrava. Consegui essa casa agora.
— Tem pouco tempo?
— É. Eu era escrava do velho Weinstein. Eu fugi. E vim me esconder aqui. Nas matas.
— Faz tempo?
— Ô… Faz um tempão.
— Esse velho Winthrop…
— Weinstein.
— Isso. Ele ainda é vivo?
— O capeta não deve querer levar aquele coisa ruim tão cedo. Ele é mais mau que muito diabo.
— Eu passei por um sujeito mal encarado no caminho daqui.
— Barba solta e cara de maluco?
— Ele mes.
— Tá vendo? Num vale nada não.
— É, tinha um monte de gente trabalhando lá. Pareciam tristes.
— Uns negro que nem eu?
— Era.
— Então ele ainda tá fazendo eles de escravo… Mas isso não tá proibido?
— Tá.
— Então ele não pode continuar com isso.
— Não pode mes.
A conversa se estendeu ao longo da noite. A velhinha se ria do jeito absurdo de Lucky descrever as coisas, e ele, por sua vez, se interessava por sua história de vida.
Ela havia nascido no ano de 1776, o ano da independência dos Estados Unidos. E fora escrava por toda a vida. Servindo ao pai de Weinstein. Quando fizera 40 anos fugira e passara alguns anos escondida nos pântanos da Louisiana, lá encontrara amigos que a abrigaram. Ela não falou muito desses amigos, mas deu a entender que aprendera muito com eles. Resolvera voltar, pra tentar ajudar os outros escravos cativos. Mas fora capturada e torturada.
Dada por morta, se escondera nas matas. E fazia as vezes de uma curandeira local, com suas rezas e bençãos, beberagens e unguentos. Coisas que aprendera com os amigos da Louisiana.
Hoje estava velha, e nunca havia conseguido libertar seus pares de Weinstein, agora o filho.
— É muito triste isso tudo de escravidão moça.
— Já nem sou moça tem tempo.
— É que a senhora não me falou o nome, né?
— Eu aprendi com meus amigos lá na Louisiana que os nomes têm poder. E quem tem o nosso nome de verdade, pode ter poder sobre nós.
— Mas a Senhora me perguntou meu nome.
— E num é? — Riu-se a velha desdentada
— Ói que esse papo de nome num ajuda muito.
— Num si preocupe não, Seu Lou. Esse num é o seu nome não.
— Mas, num é? Eu acho que é. Não?
— Não.
— Então qual é?
— Eu num sei. Mas eu vejo que tem uns negócio com o sinhô.
— Negócio?
— É. O Sinhô tem muita sorte, né?
— É. Sempre tive.
—Então. Tem uma coisa que liga no sinhô. Que lhe traz sorte.
— Um encosto?
— Não. É uma coisa boa. Parece coisa de mãe.
— A minha mãe sempre me falou que eu nasci com sorte.
— É?
— É. Eu num respirava, quando nasci. Ela fez umas oração pra Nossa Senhora, e eu voltei.
— É?
— É. Ela falou que ela apareceu que nem uma pele de estrela.
— Então ocê tem essa sorte por isso.
— A minha mãe sempre falou que a gente tem a sorte que a gente merece.
— Ela tá certa.
— Eu sei. Eu tento fazer o certo, sabe? Pra sorte continuar.
A Velhinha olhou para Lucky de forma mais intensa. A noite já ia escura, pontilhada, aqui e ali pela luz dos raios que iluminavam esporadicamente. Os cabelos brancos estavam soltos, num aspecto fofo, como algodão. A Luz dos relâmpagos os fazia brilhar, como se a cabeça da mulher estivesse iluminada.
— Vem cá, Seu Lu.
Ela parecia ter tomado uma decisão. Levantou-se e puxou uma mesa para o centro da choupana. Em cima da mesa colocou uma pequena panela de metal escura. Pegou a água que caia das goteiras e encheu a panela. Acendeu uma vela e colocou do lado. Sentou-se em frente à panela. E fez com a cabeça para que Lucky sentasse à sua frente.
Os relâmpagos pareciam intensificar. A Velhinha parecia concentrada. Segurava as mãos de Lucky, enquanto a luz piscava no reflexo da água.
— O Sinhô vem de longe. Muito longe. Seu pai era um grande herói. Sua mãe gostava de cantar. Na noite que ocê nasceu, um grande mal vinha buscar o pai do seu irmão. Ela intercedeu.
— Como ocê sabe do meu irmão?
A velha ignorou a pergunta e continuou. Seu irmão foi pra longe. Ajudar seu pai. Ocê agora está sem rumo. Do seu pai, e Dela, ocê ganhou a sorte. Pra manter a sorte, ocê precisa se manter no caminho bão.
Aqui, Ocê vai encontrar na cidade, um home de um chifre só. Ele é a chave pra trazê as coisa boa pro mundo. Ocê tem de fazê ele entender que ele precisa acreditar. Ele só vai consegui fazê isso quando parar de duvidar.
— Que homem é esse?
— Vai na cidade. Ocê vai ver.
Lucky arriscou olhar para o que a velhinha via na panela. Os relâmpagos aumentaram de intensidade e os reflexos pareciam mostrar cenas estranhas. Um homem de bigodes desviando uma pedra. Uma mulher triste, chorando com um morto no colo. Uma nuvem escura com cara de gente. A eletricidade no ar subiu a um ponto em que os itens de metal da mesa começaram a pinicar as mãos de Lucky. Ele pareceu levar um encontrão e caiu da mesa. A velhinha levantou, pegou a panela preta com a água e deu para Lucky beber. O contato gelado da água pareceu fazer a tempestade se acalmar. Lucky dormiu, sonhando com um olho vermelho.
Ao acordar ele estava bem-disposto. A velhinha tinha feito um mingau de aveia. E deu para que ele comesse. Após se despedirem ela falou:
— Lembra. O homem de um chifre só. Ele pode ajudar.
Lucky saiu da casa da velhinha e dirigiu-se à cidade. Lá caminhou pelas ruas. Apesar de a abolição da escravidão ter acontecido há cinco anos. Era nítido que pouca coisa havia efetivamente mudado. Estando os negros segregados na sociedade. Entrando em um bar, Lou avistou algo que o fez estacar. Na sua frente, havia um homem sentado de costas, conversando com outros. Ele parecia estar tenso. Seu chapéu era pontudo como se fosse um chifre enorme na cabeça.
“O homem de um chifre só!” Pensou Lucky.
— Olha, vocês precisam entender que a moda dá suas voltas, as coisas mudam, esses chapéus vão conseguir um preço bom. Ninguém mais tem eles. Então vai ser um mercado certo, Brody!
— Mas isso num tá certo, seu Tony. A gente precisa recuperar nossa grana.
— É preciso ter só um pouco de paciência. Vocês sabem. As coisas vão mudar e a gente vai conseguir vender os chapéus e eu vou pagar seus atrasados.
Nesse momento, uma comoção tomou conta do bar. Um homem negro com as roupas manchadas de sangue, entrou falando:
— O xerife! O xerife! Ele está matando ela!
— Calma aí rapaz. Quem tá matando quem?
— O maldito Weinstein. Ele está chicoteando ela. A minha mãe.
Risadas desdenhosas, e inconsequentes se fizeram ouvir vindas dos cantos dos bares onde racistas pensavam e falavam entre si. Que era melhor assim. O xerife olhou com raiva para eles mas, voltando-se para o garoto, falou.
— Você sabe que o velho Weinstein é poderoso. Eu não sei o que posso fazer sozinho. Se, ao menos a gente tivesse homens de verdade nessa cidade, a gente poderia resolver isso.
As risadas diminuíram. Mas ninguém se ofereceu.
Lucky olhava para o homem de um chifre só, que conversava baixo com os amigos. E para o xerife que abaixava a cabeça desolado. O pobre rapaz chorava, olhando para todos, desesperado.
— Eu acho que a gente pode ajudar, xerife. Falou o homem de um chifre só.
O xerife ergueu os olhos, seguido pelo rapaz que chorava e disse:
— E qual é o seu nome, rapaz?
— Me chamo Tony. Esses aqui são meus amigos, Brody e Lone.
— Eu vou ajudar também.
Todos se voltaram para Lou, que acabara de chegar.
— Eu sei um caminho pra chegar por trás. Acabei de vir de lá.
— E quem é você? — Perguntou o homem identificado por Lone.
— Me chamo Lou. Vamos lá. A mãe do rapaz precisa de ajuda!
Os seis homens, o rapaz que dera o alarme, o xerife, Lone, Brody, Tony e Lou, seguiram pelo caminho alternativo de Lou. Uma vez lá, viram a pobre mulher ensanguentada, caída ao chão. O rapaz desvencilhou-se do grupo e correu na direção da mãe, caída na lama. Estava morta.
— Esse desgraçado! — Gritou o rapaz enquanto corria na direção da casa.
Foi recebido por um tiro do fazendeiro. Tiro esse que ceifou a sua vida instantaneamente.
— É melhor a gente ir. Não tem mais nada pra fazer. Os dois morreram.
— Como assim, xerife? Você não viu o que aconteceu? O cara matou a mulher e o garoto!
— Olha, é melhor a gente evitar problemas… Ei, o que você está fazendo? — Sussurrou o xerife para Lou, que se adiantava andando calmamente em direção à porta.
— Fique onde está. Você está invadindo minhas terras e eu vou atirar!
— Ói, seu moço, vou colocar minhas armas aqui. — E Lucky tirou as armas do cinto e colocou no chão, ali perto. — O Senhor fez uma coisa errada. O xerife tá aqui. E você precisa sair.
— O xerife! Aquele covarde não tem punho pra nada. É um monte de merda!
— O Sinhô num devia falar assim dum homem da lei. O Sinhô me parece estar meio doido. Vamos sair. Larga as arma e sai da casa.
Lou foi respondido por um tiro. O tiro passou ao lado da sua orelha. Sem feri-lo.
— Ói que o sinhô num tá com sorte. Vamos sair devagar. O xerife te leva e ninguém mais se machuca.
Outro tiro, agora pareceu acertar o espaço entre os pés de Lucky.
— Merda de arma!
— Ói, vou abrir a porta e o Sinhô sai.
Lucky empurrou a porta, sendo recebido pelo cano da arma em seu rosto. O gatilho emperrou. O homem olhava estupefato para Lou. Engatilhou novamente. Um tiro se fez ouvir. O buraco apareceu no meio da testa e, enquanto ele caía ao chão. Podia ver que o outro se ajoelhava e falava.
— É como eu sempre digo. A gente tem a sorte que a gente merece. E o Sinhô não merece.
Tony limpou a arma. O xerife avançou e contabilizou os mortos. Os escravos foram saindo, sendo libertados aos poucos.
Do fundo do terreno, enquanto os agora amigos se afastavam, uma velhinha olhava a cena. Feliz por, finalmente, estar realmente livre de Weinstein e sua maldade. Olhando o jovem de sorte, não pôde deixar de se lembrar do que vira à luz dos relâmpagos na noite anterior.
Sorte e Maldade
Conforme o sol se punha nas planícies selvagens, sua luz avermelhada fazia com que as sombras da paisagem adquirissem um tom carmesim antes de desaparecerem.
Nesta noite, sem luar, as estrelas do firmamento davam um leve brilho azulado aos reflexos raros do solo. O ar seco ainda não começara a esfriar. Coisa que, em breve, o faria.
A casa estava à frente. Havia uma pequena chama em seu interior. Uma vela, ou lamparina acesa para afastar o breu da noite. Uns farrapos de pano pareciam trazer, de dentro da casa, o som de gritos. Gritos de dor.
O homem maligno apeou do cavalo, amarrando-o a um pequeno toco de madeira. Talvez uma cerca quebrada. Os gritos aumentavam em intensidade e frequência. Iniciando um ritmo cadenciado, recidivado. O interior da casa demonstrava agitação. Era uma habitação isolada. O gado próximo dormia.
O homem maligno chegou próximo à porta destrancada, um olhar rápido mostrou que, dentro da casa, os gritos haviam cessado. Uma voz masculina, desesperada, se fazia ouvir.
— Ele não chora! Por que não chora? Não devia chorar?
Eu não sei. Ele demorou para nascer. Eu… — Respondeu uma voz feminina cansada e dolorida.
— Ele deve precisar de ar fresco. Vou levar lá pra fora. — Falou, incerto, e triste, o homem da casa.
O homem maligno se afastou, curioso, deixando que o dono da casa passasse, com um pequeno fardo imóvel nos braços. No interior do quarto, a exausta mulher falava baixinho.
— Eu não sei o que fiz de errado. O padre Phil falou que nada de bom ia sair do meu casamento com um judeu. A culpa não é minha. Mas também não é do meu marido. Eu queria que Nossa Senhora protegesse o meu pequeno Louis. Ele precisa sobreviver. Por favor, Senhora da Noite em que estamos. Nos ajude!
Uma prece curiosa. Numa invocação inusitada. Pedindo à noite que ajudasse. A Noite, em seus mistérios, pareceu escutar a oração. Não da forma como Amélia imaginara.
Do lado de fora. O marido triste mexia o bebê silencioso, sem saber o que fazer, tentando trazer um sopro, ou algo que o fizesse se mexer. Talvez por isso, não tenha escutado os passos do homem maligno, que se aproximava. O engatilhar, quase inaudível da arma, o trouxe ao momento presente. Fazendo-o rolar para o lado, sem deixar de segurar o pequeno ser, que não respirava.
— Quem está aí? Por Deus, homem! Meu filho não respira! Não faça uma loucura!
O Homem maligno respondeu, das trevas:
— Você é Joseph Mykrantz?
— Você deve saber que sim! Não estou armado! Por favor! Meu filho! Ele…
— Você é um idiota Mykrantz. Em admitir que está desarmado. Esse merdinha aí já nasceu morto.
— Por Deus! Não! Me deixe tentar, homem! Vou com você! Não sei o que deseja, mas não vou resistir. Deixe-me tentar fazer meu filho viver!
Uma brasa de cigarro brilhou na escuridão, fazendo com que o pobre pai do natimorto, pudesse ver o brilho da brasa refletido nos olhos, lembrando pequenas janelas para o inferno que, facilmente, acabaria por buscar a alma desse pistoleiro, não fosse a intromissão de algo improvável. Algo sutil. Algo… Mágico.
Muitos milhares de anos no futuro. Em um outro local, onde as forças das trevas assolavam os últimos redutos da humanidade, uma mulher chorava. Olhe só. Meu pobre filho. Ele não está respirando!
Lamentamos muito senhora Guilhermina, fizemos o que pudemos, só os deuses têm o poder de ajudar agora.
A dançarina havia se colocado sob os cuidados dos clérigos. Apesar de morar na fabulosa Joia do Norte, cidade livre de muitos dos preconceitos que assolavam algumas partes mais conservadoras do continente, suas convicções a levaram a esconder de seu amante, o fruto de seu relacionamento.
Saindo, triste, do local, a jovem garota deixava para trás o pequeno ser, desamparado. Os clérigos consolavam-na. Enquanto a humilde servente era designada para levar o pequeno corpo embora.
Enquanto caminhava pelos iluminados corredores, sua mente se voltava para seus poucos estudos religiosos:
Eu sei que esse pequeno veio ao mundo sem vida. Justo o filho do grande herói! E eu, pobre de mim, que jamais poderei ter filhos. Será que a deusa da morte, aceitaria minha dedicação a ele? A esse filho que me surgiu? Será que me daria a chance de ser mãe?
Nos espaços entre os mundos, nos tempos entre os tempos, uma voz escura sussurrava para outra, igualmente sombria.
—Precisamos dele.
— Sim. Precisamos! Mas você não precisa fazer isso dessa forma. Sabe que vai gastar mais ainda o seu potencial limitado de intervenção.
— Sim. Eu sei. Mas, veja: Aqui temos dois bebês mortos, mas com o potencial de vida.
— O laço temporal está ficando cada vez mais enlaçado. São muitas variáveis.
— Sim. Muitas. E quanto mais improvável é algo, mais isso nos traz o potencial de vitória.
— Ou de derrota.
— Só podemos fazer o que nosso coração mandar.
— Sim. Nisso você tem razão.
O homem maligno apertou o gatilho e… Errou. Ele jamais erraria alguém tão próximo!
O pai do garoto colocou, cuidadosamente, o filho que não se movia no chão, avançando com os punhos fechados para o homem maligno.
A mulher colocava o pequeno natimorto no chão brilhante de sua pobre casa. Enquanto se ajoelhava perante a pequena imagem da Senhora da Morte. A Senhora da Noite. A Senhora do Tempo.
A luta era travada, entre o pai e o homem maligno. A arma sacada, fora derrubada num golpe pelo pai, e numa situação impossível, acabara por se restabelecer no coldre. Como se não houvera sido sacada.
Os olhos da pobre mulher na casa de madeira, fechados, ignoravam o drama que acontecia do lado de fora da casa. A noite era escura. Somente as estrelas se moviam.
As estrelas se moviam.
Em dois lugares e dois tempos.
Era como se uma forma humana coberta de pequenos pontos de luz, moldasse o tecido da realidade.
O homem maligno acertou, em cheio, um soco no rosto do marido, que caiu, inconsciente, próximo ao pequeno filho.
Sorrindo, enquanto massageava o próprio rosto. O homem maligno, sem conseguir, por motivos que desconhecia, retirar as armas do coldre, decidiu que enforcaria o judeu. Afinal, esse era o seu contrato. E ele sempre cumpria seus contratos.
A jovem mãe, talvez pressentindo o que acontecia, levantara-se de sua cama, indo em direção à porta. Olhando para fora, conseguira ver o instante em que seu marido caíra. Uma sombra maligna se aproximando dele. Ela iniciara uma carreira sem conseguir articular palavras, enquanto o maligno se aproximara de seus dois amores.
Na cidade brilhante, a mulher percebia a imagem crescer, engolfando o pequeno ser. E, paralisada pela estupefação, não conseguia falar
Na planície, as estrelas pareceram se aproximar do trio. A jovem mãe só conseguiu ver que o ser das trevas desaparecia, enquanto seu marido começava a gemer.
A velha ajudante, ouvia jubilosa, o som de um choro recém-nascido. O choro que a Deusa lhe dera. Seu pequeno filho que ela nunca pudera ter. Seu pequeno Alex.
Nas planícies, o gemido do homem que acordava, fizera a pobre mulher se prostrar para abraçá-lo. Ele acordava num sobressalto, se perguntando como poderia estar vivo. Sobressalto esse que foi suplantado, e muito, pelo pequeno choro, vindo do pacote ao seu lado.
Ambos olharam para o pequeno Louis, que dava os primeiros suspiros de sua vida.
— Por que os bebês?
— Porque eu já fui mulher. E sei o que é desejar ter um filho com o homem que amo, sem poder.
O deus sombrio fechou seu único olho, abraçado à deusa da morte. Nesse momento, por mais improvável que fosse, o campeão da morte, ganhara um herdeiro. E a sorte estava lançada. No passado, e no futuro da humanidade. Pena que Gaspar de Gusmão não viria a saber disso.
Escrito por: Vinicius Watzl
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