Batalha das eras parte 4: Cavaleira do Sol | Conto de Fantasia
Escrito por: Herica Freitas
“Batalha das eras” é um conto dividido em cinco partes, sobre batalhas milenares ao longo dos anos, em defesa do plano terrestre. É uma história independente que se passa em um mundo fictício idealizado pelo autor. Neste conto, a garota Ana, de vinte e poucos anos, faz uma descoberta sobre seu vizinho estranho, o senhor Benson. Esta descoberta leva Ana a viver uma aventura jamais imaginada por ela. Indicado para 14 anos ou mais.
Ana pegou o livro no chão. Ao virar a página viu que palavras em dourado estavam sendo marcadas magicamente no livro. Tudo que conversaram e tudo que aconteceu dentro da casa estava escrito agora. As próximas páginas do livro, no entanto, estavam em branco.
-Você está dizendo que a minha data de morte será escrita aqui?
-Não hoje Ana, nós sabemos do nosso dia de morte apenas um ano antes. – ele tomou o livro da mão da garota, colocando-o de volta na mesa.
-O que temos que fazer? – Ana pegou a espada do chão e colocou sobre a mesa.
-Primeiro você precisa guardar a chave no seu corpo. – ele retirou o colar, entregando na mão direita de Ana.
Ana pegou o colar com a chave dourada. Ao tocá-lo, especificamente na chave, teve visões do passado e do presente de Hatszu: seu treinamento, suas batalhas, as forças e fraquezas, os estudos e a magia. Em um momento soube exatamente o que fazer quando encontrasse Globack: se via utilizando a sua nova arma, chamada de Espada da Luz. Ana pegou a chave e a encaixou exatamente no buraco formado pela cicatriz. A chave foi absorvida pela pele sem dor ou sofrimento a cicatriz se fechou, deixando a pele de Ana intacta e a corrente dourada, que antes era o colar de Hatszu, se tornou uma pulseira no seu braço esquerdo. Ana movimentou o braço como se quisesse sentir a chave dentro de si, mas a sensação era normal, como se não existisse nada ali.
-Legal. – ela falou admirando o que aconteceu.
-Nunca, jamais revele a ninguém que você carrega a chave. – Hatszu disse, entregando a espada para ela – Pegue sua arma, as aranhas invadirão esta sala em dois minutos.
-O que eu faço? – ela questionou.
-Bem, sua arma tomará a forma que quiser. Uma espada mágica, um cajado, um arco que dispara flechas de luz, um escudo, entre outras. Você poderá escolher a melhor arma para lutar em determinada condição, como nossa arma é mágica, você possui certa proficiência com elas, mas não quer dizer que não precise de treinamento adequado.
Hatszu concentrou-se e sua arma, que antes era um cajado com uma lua e uma estrela tornou-se um arco dourado e brilhante. Ele mirou, apontou para a porta e disse: “Se concentre e deseje sua forma” Nesse momento magicamente uma flecha de luz esverdeada se formou, munindo seu arco.
-Entendi. – Ana pegou sua espada e desejou um arco, assim como o do velho – Uau! Não é tão difícil. Como eu disparo agora?
-Trinta segundos – Hatszu apontou para a porta – É só desejar e as flechas aparecerão como um passe de mágica. Quinze segundos, está pronta? Dez, nove, oito, se prepare e, três, dois, um. Atacar.
A porta abriu e pelo menos vinte aranhas entraram, invadindo o local, subindo pelas paredes, teto e chão. O senhor disparava flechas esverdeadas em todas que se aproximavam dele. Sua pontaria era incontestável, ele não parecia mais um velho rabugento que furava as bolas de futebol das crianças. Ana se concentrou e conseguiu flechas de coloração amarelada, diferentes das dele, mas, aparentemente, tão fortes quanto. Apesar de nunca ter atirado de arco e flecha se lembrava bastante da pontaria que sempre tivera nos jogos. Ela errava uma ou outra, mas conseguia alguns acertos, impedindo que as aranhas viessem até ela.
As aranhas acertadas pelas flechas se consumiam em chamas negras, sumindo do local. Depois de uma porção delas Hatszu e Ana encontraram-se no meio da sala, de costas um para o outro, com suor pingando de suas testas e muito ofegantes. O silêncio foi quebrado mais uma vez pelos trovões lá fora. A chuva ainda se fazia presente naquela noite escura e sombria da sexta-feira treze.
-Uau, que sensação incrível. – Ana diz ofegante.
-Não se empolgue tanto, disparar flechas consome a nossa magia e nos esgota. – Hatszu respondeu, tirando duas daquelas balinhas do bolso de sua roupa roxa – Pegue, vai melhorar seu vigor.
Ana pegou a bala e colocou na boca, sentindo um gosto de ervas bem parecido com chá mate ou erva cidreira, mas ao mesmo tempo não conseguia identificar o sabor e o que seriam as balinhas misteriosas que Hatszu possuía.
-O que são? – ela pergunta com a bala na boca.
-É um combinado de ervas preparado sob a lua cheia com uma magia de restauração de vigor muito forte. Eu utilizo a magia daquelas criaturinhas ali na jaula, são fadas da noite. Não se preocupe – ele olha a cara de reprovação de Ana – Eu os solto depois e eles se recuperam assim que entram em contato com a luz da Lua.
-O que faremos agora? – ela perguntou, fazendo seu arco virar novamente uma espada.
-A gente se prepara para a chegada de Globack. Ele deve chegar em vinte e seis minutos e treze segundos. – Hatszu olhou para o céu.
-Eu tenho tantas perguntas antes que você – ela fala sem jeito – morra.
-Não precisa ter pena de mim Ana, eu vivi por mais de três mil anos. Preciso descansar. – ele sorriu amigavelmente.
-Eu queria que você pudesse ser meu mentor.
-Assim que isso tudo acabar o conselho vai vir até você e definir seu mentor, eu sou apenas seu antecessor.
-Você está me dizendo que eu vou viver três mil anos como você? – ela olhou como se isso a incomodasse.
-Claro que sim, isso quer dizer que você precisará abrir mão de muita coisa em sua vida. – ele disse sério e com pesar na voz.
-E se eu não quiser isso? Se eu quiser ser normal?
-Você poderá renunciar a isso quando o conselho trouxer seu contrato. Aí você esquece de tudo o que aconteceu hoje, tudo que aprendeu e perde sua magia para sempre.
Ana deu um muxoxo como se estivesse em dúvida em sua escolha. Não existiria um meio termo? Um estágio onde ela pudesse experimentar tudo aquilo e depois escolher? Sentia-se confusa e preocupada, afinal, queria ter uma vida, um amor, queria poder desfrutar de sua família e amigos, ter uma carreira sólida e tudo mais que uma pessoa normal poderia querer.
-Você poderá decidir tudo quando o conselho vier te visitar. Agora se concentra, Globack deve chegar em treze minutos e vinte e três segundos.
-Como você sabe disso? – ela perguntou curiosa.
-Está no livro a hora que ele vai chegar, o oráculo prevê toda a batalha e certamente ele já sabe o final, mas ele apenas compartilha comigo o que ele quer, então eu não sei como acaba. Diz no livro que Globack pousará em meu telhado às onze e dezesseis, são onze e quatro agora – ele olhou em seu relógio de pulso – ele chega em doze minutos e treze segundos.
-Não vai ser muito desleal nós dois enfrentarmos ele? – Ana questionou – Dois contra um não é covardia?
-Com o poder que ele possui hoje, não. Vamos subir?
-Você quer que a gente lute no seu telhado? – ela perguntou incrédula.
-Sim, vamos pela janela. – Hatszu disse caminhando até ela – Escuta Ana, você tem medo de altura?
-Acho que depois de cair na sua sacada não. – ela deu de ombros – Por quê?
-Vou te ensinar a voar. Não espero que aprenda de primeira, mas se você disse que caiu da sua casa até a minha creio que possui o dom. Você voou hoje.
-Eu realmente não achei nenhuma explicação na física que pudesse ter feito com que eu caísse bem ali. Eu vi tudo em câmera lenta e depois estava pendurada na sacada.
-Sim, você voou! – Hatszu deu um leve sorriso – Vamos?
Enquanto ele dizia isso, se jogou da janela, aparecendo no mesmo instante no lado de fora, como se pisasse em degraus invisíveis. Ana, admirada com tudo, seguiu até a janela e olhou para baixo. Ela engoliu seco e olhou para Hatszu.
-O que eu faço? – ela pergunta trêmula.
-É só se concentrar e desejar fazer parte do vento. Toda a gravidade ao seu redor será reduzida a zero e você vai flutuar. Para controlar é só pensar para onde quer ir. O pouso normalmente é mais difícil.
-Me ajudou muito. – ela olha para o céu – Não pode dar uma ajudinha?
Hatszu estendeu a mão para Ana. Ela segurou e desceu. Por um momento sentiu como se fosse cair de mais de quatro metros de altura, mas sentiu seu corpo ficando leve enquanto tentava se concentrar em voar. Era ridículo e ao mesmo tempo fabuloso. Quando finalmente teve coragem para abrir os olhos, Ana estava sobre a casa de Hatszu, flutuando alguns centímetros sobre as telhas.
-Uau, acho que agora você pode me soltar.
-Tem certeza? Não quero que você quebre o telhado da minha casa. – ele olhou rabugento.
-Eu sou leve, jamais quebraria.
Hatszu soltou a mão de Ana devagar enquanto observava a altitude da garota manter-se estável. Hatszu soltou um sorriso e disse: “três minutos e vinte e seis segundos”. Seus olhos,que antes haviam ficado castanhos, agora tomavam novamente a forma de uma galáxia. Seu arco mais uma vez era o cajado majestoso com a lua e a estrela e Ana conseguia ouvir uma energia circulando pelo corpo do feiticeiro.
-Agora é tudo ou nada Ana – a voz de Hatszu estava metálica e com um eco diferente do tom de antes – Se concentre e deixe o caos tomar conta de você, libere seu poder.
Hatszu flutuou até Ana e a tocou na testa. Nesse momento ela sentiu como se uma corrente elétrica invadisse seu corpo e carregasse seu peito com muita energia. Seus olhos deixaram sua coloração negra e começaram a brilhar alaranjados como o sol, sua espada brilhava intensamente e ela sentia a energia sob seus pés. Ana estava sentindo o calor do sol com ela, mesmo que estivesse chovendo. As gotas de chuva batiam sobre a sua pele e evaporavam como água em contato com uma panela quente.
-Você é a cavaleira do sol Ana. – Hatszu diz feliz – Forte, destemida, sagaz e corajosa.
-E você? – ela olhou para os olhos de Hatszu – Uma galáxia?
-Eu sou o cavaleiro dos céus. – ele sorriu – um minuto.
-Hatszu, e Globack? Qual cavaleiro ele é? – a chuva começava a aumentar novamente. Trovões eram ouvidos por toda a parte e raios cortavam o céu escuro.
-Dez segundos – ele sorriu para Ana – Não imagina qual ele seja? Três, dois, um.
Um grande relâmpago caiu sobre a telha de Hatszu, fazendo com que tudo ficasse iluminado. A chuva aumentou, fazendo o corpo de Ana molhar, mesmo com o calor que emanava. A capa de chuva de Ana não conseguia suportar a água que caía do céu sem piedade.
-Ele é o cavaleiro da tempestade – ela segurou firme o cabo da espada.
Continua…
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