Conto de Joseph – Capítulo 5 – As Montanhas dos Anões
Conto narrado pelo escriba Joseph (guerreiro humano – Jogador José Iran da Silva Filho – estudante do 3º ano do curso integrado em informática do IFPB Campus Cajazeiras)
Aventura do dia 3 de maio de 2017 no projeto RPG na escola, coordenado pelo Prof. Helltonn Winicius
Após trancafiar a primeira gema do caos e retornando de nossa última missão, de forma mágica… como sempre, fomos recepcionados por Alustriel em uma das bases dos Harpistas. Eis que uma andorinha apareceu na janela do recinto onde estávamos e pousou no ombro de Alustriel que parecia entender o que ela gorjeava. Falando então algumas palavras mágicas, o pássaro foi envolvido em uma névoa que a levou até o centro da sala e, de maneira milagrosa, ela se tornou uma humana. Tratava-se de Morgana, uma moça que conhecemos na nossa missão anterior.“Essas magias sempre estranhas” pensei.
Antes que pudéssemos falar ou mesmo descansar, ouvimos um estrondo vindo do lado de fora. Alustriel se aproximou da janela e nos disse que via fumaça e um alvoroço, ela então chamou um de seus servos e pediu que ele fosse lá para ajudar no que pudesse, ao ponto de que ele partiu de imediato. Então, Alustriel se voltou para nós com tom de preocupação na voz:
– Parece que aqueles que se opõem a temperança, ao equilíbrio, se tornam cada dia mais ousados. Atacam uma loja de Águas Profundas em plena luz do dia…
– É muita audácia! – exclamou Donovan, nosso companheiro musicista.
– Bem, meus caros companheiros, temos mais uma missão – disse Alustriel.
– Pois bem diga – respondeu Donovan de imediato.
– Um de nossos aliados relatou que a Ordem da Manopla que é…
– Já ouvi falar, – disse Donovan a interrompendo – são uma ordem de anões ranzinzas e rabugentos…
– … mas honrados e dedicados – completa Alustriel.
– De fato, tenho simpatia por eles – continuou Donovan.
– Bom, a próxima gema foi localizada nas proximidades das terras do Norte…
– Seria próximo da Espinha do Mundo? Sempre tive vontade de conhecer – interrompeu Donovan, mais uma vez.
– Exato. Vocês terão que se preparar para um frio torrencial jovens harpistas, pois é uma terra bastante gelada e com muitas ciladas por entre a neve.
– Bem, não sei se o que temos será suficiente. Poderia nos conseguir provisões para a viagem? – disse Donovan ao balançar sua algibeira com suas peças de ouro.
– Não se preocupe, a Ordem da Manopla poderá oferecer provisões que serão mais resistentes ao frio. As que temos aqui não aguentariam sequer meio dia de viagem
– PODEMOS PASSAR NA CASA DA MINHA AVÓ! – gritou Goiki III de súbito.
Penso comigo mesmo, “Esse cara nunca sabe a hora certa”.
– Pois bem, como poderemos entrar em contato com eles? – perguntou Donovan.
– Nós abriremos um portal para vocês irem até lá. A urgência para impedir que Tiamat
renasça nesse mundo pede esse tipo de providência.
– Pois bem, então não temos… ah bem, na verdade temos algumas coisas ainda. Seria bom se pudéssemos descansar um pouco, nos desgastamos bastante com a última batalha.
– Vocês podem descansar quando chegarem na ordem da manopla, não há nda com o que se preocupar.
– Sem problemas então – concluiu Donovan.
Alustriel virou-se para Ivellius, nosso companheiro elfo arqueiro, que parecia um pouco preocupado.
– Ivellius você está um tanto quanto calado algum problema? – perguntou ela.
– Sabe como é, meu habitat são as florestas, não sou muito acostumado com o frio.
– Assim como a natureza se adapta às condições climáticas, você também conseguirá meu caro. Seu grupo é muito hábil, com certeza conseguirão sobrepujar mais este obstáculo.
– Sabe, andam por aí boatos de que o inverno está chegando – terminou Ivellius.
Não entendi o que ele estava querendo dizer, mas não insisti em tentar. Me aproximei dele e com um leve tapa em suas costas disse:
– Então se prepare meu amigo.
Logo após Alustriel começa a gesticular e recitar palavras arcanas:
– Arbatun portius disstentia alcantum – ela recitava enquanto um portal se abria.
Pela fresta mágica saiu um vento gelado e até mesmo um pouco de neve. Conseguia ver a paisagem, várias montanhas que iam ao longe, tudo branco e coberto pela neve. Eu e meus camaradas nos entreolhamos e então adentramos no portal para a próxima missão de salvar nosso mundo dos terríveis males que podiam destruí-lo. Só mais um dia comum na vida de um Joestar.
Um frio intenso nos rodeava, o vento e a nevasca pareciam estar nos esperando para mostrar do que eram realmente capazes, nesse momento me lembrei do que meu avô dizia “Joseph, lembre-se, nem a mais fria das nevascas nem o mais quente vulcão podem deter um homem determinado, se mantiver sua força de vontade nada poderá lhe deter”. Fechei os olhos e respirei fundo puxando aquele ar gelado, quase congelando meus pulmões, então abri meus olhos e expirei.“Tenho um dever a cumprir, isso não é nada”, pensei e então consegui suportar o frio. Porém nosso companheiro Ivellius, como disse vivia na floresta, não estava acostumado com tamanho clima gélido, nem sequer podia se mover de tão gelado que estava.
– Vamos Ivellius! Não fique para trás – porém ele estava totalmente paralisado. – Goik, poderia carregar Ivellius? Ele parece que não consegue se mover.
– Quer que eu esquente? – perguntou Goik exalando um pouco de fumaça da boca.
– Não não não, não desse jeito, basta carregá-lo. Nós o levaremos para um lugar que ele possa ficar mais aquecido.
– Tudo bem – disse Goik com certo tom de sarcasmo.
Ao longe, conseguíamos ver um grande castelo encrustado em uma gigantesca montanha. Ali estava a fortaleza da Manopla e após caminharmos por algum tempo podíamos ver um grande precipício e uma ponte conectando nosso lado aos portões da fortaleza.
– Que portão! – disse com um sorriso olhando para meus colegas, que obviamente não tem humor e por isso não entenderam o meu trocadilho e por isso não riram.
Então continuamos cruzando a ponte, sobre o precipício o frio parecia ser ainda maior, tanto que pude ver uma rachadura no rosto de Ivellius. Chegamos, enfim, aos portões e assim que me preparo para bater ouço vindo de cima:
– Alto lá!
Ao olhar para cima vejo três anões com armaduras cobrindo todo o corpo, portavam também uma lança na mão, um martelo em suas costas, uma besta pesada em um lado de seu cinturão e um machado do outro. Estavam preparados para o que der e vier. Donovan tentou falar com eles:
– Nosso colega está sofrendo muito com o frio. Ele está congelando aqui fora, por favor, só queremos uma estalagem para nos aquecermos e descansarmos.
Um dos anões pôs um monóculo que, com alguma espécie de maquinário, se moveu. Acho que devia ser para conseguir ver melhor a distância, pois nos observou por alguns segundos e, em seguida, disse algo para o anão ao seu lado.
– Deixe que entrem, abram os portões – gritou o outro anão após ouvir o de monóculo.
Ao falar isso pude ouvir sons de engrenagens dentre diversos outros sons de metal se movendo, podia, até mesmo, sentir o chão tremer um pouco. O portão começou a se levantar e derrubava a neve que acumulada na sua superfície e, logo a frente, um reino magnífico. Haviam grandes construções esculpidas na pedra da montanha, tudo recobrto pela fria camada de neve, porém também haviam fogueiras, fumaça e calor saindo de inúmeras chaminés. Ao entrarmos uma anã ruiva com um grande martelo surgiu a nossa frente.
– Saudações aventureiros, eu me chamo Moira e vou levá-los até nosso regente.
Seguimos a anã adentrando mais ainda na cidade-fortaleza. Nas profundezas da montanha podia-se ver que rios de lava escorriam por entre alguns locais, a maioria dos habitantes parecia estar ali e já não se sentia frio, pois o calor interno do local era suficiente para nos aquecer e permitiu que Ivellius pudesse se mover normalmente.
– É bom te ver melhor Ivellius, pois bem senhorita… senhora…
– Pode me chamar de senhora não tenho problemas com a idade – disse a anã Moira interrompendo a tentativa de Donovan que ainda assim continuou a falar.
– Pois bem senhora Moira, eu gostaria de me informar melhor sobre o local antes de conhecer o regente em si, quais são os pontos de interesse daqui?
– Pontos de interesse o que? Nossos objetivos?
– Ahh, não necessariamente, me referia aos locais que tem aqui por per…
– Nossas convicções? – Moira o interrompeu mais uma vez e com um tom impaciente.
– Na verdade eu estava pensando na geografia local – terminou Donovan.
– Ah, o que? A vegetação? Os animais?
– Sim, esse tipo de informação, gostaria de me preparar melhor.
– A Espinha do Mundo é um local hostil, caro aventureiro, temos tantos aliados quanto inimigos, a começar por um dragão vermelho ancião que habita essas montanhas – Moira disse com um olhar duro para o bardo.
– Esse dragão está aqui a muito tempo ou apareceu recentemente? – perguntou Ryu.
– Desde antes da primeira pedra ser colocada nesse reino, ele já existia. Além dele há outros inimigos poderosos, como feiticeiras lich piradas de Yluscan, gizerais e gythiankis que utilizam da telecinese para atacar seus inimigos, vermes ansiosos para devorar o primeiro que aparecer em seus caminhos.
Sem saber do que se tratava essa tal “telecinese” perguntei a Moira:
– Tele o que?
– Poderes da mente – ela responde ríspida
– Ahh – “Deve ser parecido com aqueles negócios dos magos” pensei.
Nesse meio tempo Ryu se aproximou de mim e perguntou baixinho.
– Será que ele também grita vai curinthias?
– Quem sabe? Talvez.
– Ah, enfim, pois bem acredito que essas informações bastarão por agora, acredito que já estamos prontos para falar com o regente – disse Donovan ao olhar para nós.
– Que bom, vamos seguir então?
Seguimos pelo caminho até o salão principal da Ordem da Manopla, lá haviam vários guerreiros anões totalmente armados, várias estátuas gigantescas de anões e um denso ar quente vindo das grandes caldeiras de aço derretido ao redor. O clima exercido por tais criações e guerreiros demonstrava poder e honra. Mais a frente, vimos um robusto trono, muito bem trabalhado, sendo coberto por várias joias e ouro. Sentado nele estava um anão de barba ruiva com uma armadura imponente repleta de runas anãs, com um olhar duro como aço ele disse:
– Recebi o recado de Alustriel, permita que se aproximem Moira.
Com essas palavras Moira se moveu para o lado e fez uma leve reverência e nos indicou para avançar. Chegamos na escadaria em frente ao trono e nos preparamos para falarmos com o anão. Donovan foi o primeiro a agir com uma mesura em respeito ao anão, “puxa saco” pensei.
– HO HO HO HO, eu conheço os harpistas! – riu o anão sentado.
– Ele conhece? – perguntou Donovan olhando para Moira
– Todos aqui conhecemos, eles são cheios de frescuras, “não quero dizer meu nome, eu sou um harpista” – disse o anão em um tom de deboche, – Não sei pra que ficar se escondendo, conosco aqui o negócio é na base do olho no olho – completou o anão com uma carranca.
– Isso facilita as coisas, direi então qual a nossa missão vossa realeza. Pois bem, basicamente Alustriel nos enviou aqui para recuperarmos uma joia, uma gema de tom verde que caiu pelos céus ou apareceu espontaneamente por aqui – disse Donovan com suas falas incessantes.
– Sim, ela realmente foi percebida por nossos guerreiros, mas na verdade não tinha uma coloração esverdeada, e sim uma coloração branca. Como uma estrela branca cortou os céus indo para uma província sob nossa proteção e falo com pesar, porque alguns incidentes têm ocorrido nessa província e muitos dos habitantes estão se refugiando aqui na nossa fortaleza – respondeu o anão em seu trono.
– Pois bem, – disse Donovan pela milionésima vez – nesse caso eu peço abrigo para que possamos descansar e ir amanhã cedo a essa tal vila, para investigar melhor.
– Tudo ao seu tempo, vocês precisarão de algumas provisões para resistir ao frio voraz dessa região e, como vejo que não são anões, precisarão de alguns apetrechos para proteger-se do frio, principalmente o elfo – falou o anão com um tom de superioridade. – Moira providenciará tanto rações de viagens resistentes ao clima gélido como algumas capas que amenizam ao frio cortante – conclui o anão.
– Nós ficaríamos muito agradecidos – comentou Donovan com uma reverência ao que o anão adicionou.
– Descansem hoje, amanhã irão para a província de Dumorog,
– Pois bem, a propósito, eu me chamo Donovan Liadon e esses são meus companheiros – sussurrando, completou – se apresentem
– Eu sou Magnim Barbabronze, o regente… pelo menos o atual.
– Haah eu sou Goiki III, o bárbaro dourado.
– Ryu, clérigo de Lathander, às suas ordens.
– I-i-i-v-e-vel-lius – o elfo ainda tremia de frio.
– Ha ha ha, Moira ofereça um chá quente a ele, pois não irá aguentar nossa cerveja – disse Magnim entre risos enquanto a anã trazia um chá e uma coberta para Ivellius.
“Minha vez”.
– Eu sou JoJo, sou só um homem passando por aqui.
– Bonita espada, fez uma boa escolha – comentiu Magnim observando minha lâmina.
Depois que saímos Moira nos mostrou o caminho, ela nos levou por alguns salões onde vimos vários anões treinando com bestas pesadas ao atirar em alvos tanto parados, quanto em movimento, já em outra sala anões com martelos e machados treinavam combate corpo a corpo – “Aquele mais baixo tem técnica”. Mais a frente uma abertura dava para fora das montanhas, lá haviam anões montados em carneiros e caprinos gigantes treinando poderosas investidas montadas – “QUE INCRÍVEL! EU QUERO UM!”. Passando por vários estandartes gigantes com escritas que não compreendia, acho que era anão, continuamos nosso caminho até que chegamos num local simples com camas de pedra e,bem, pedras em geral com alguns panos como cobertas para nos proteger do frio na viagem do dia seguinte.
– Bom, logo os cozinheiros trarão algumas provisões para viagens.
– Pois bem, eu gostaria de provar a famosa cerveja anã, será que eu poder…
– HA HA HA, você acha que consegue bardo? – gargalhou a anã interrompendo.
– Bom, eu acho que sim – conclui Donovan.
– Providenciarei uma mesa especial para vocês então.
– Eu fico agradecido.
Quando Moira partiu, Donovan se virou para nós e disse:
– Bom, eu já provei do vinho élfico e da cerveja preta humana, sempre quis provar uma cerveja anã, mas acho que não foi uma boa ideia.
– Você não é muito alto para isso? – pergunto de modo cômico.
– Ha… ha – soltou Donovan enquanto revirava os olhos.
Enquanto descansávamos surgiu um anão jovem. Sabia de sua juventude pois não possui sequer barba ainda e nem uma armadura como todos os demais anões adultos que sempre vestem armaduras cobrindo-os completamente. Ele, porém, utilizava apenas algumas peças de couro como proteção.
– Saudações aventureiros, a senhora Moira, a grande Moira, disse que os senhores queriam provar da cerveja anã não é mesmo? – perguntou o jovem anão.
– Sim… claro… com certeza… – falou Donovan com um leve tom de preocupação e nervosismo.
-Então sigam-me. Vou levá-los a uma de nossas melhores tavernas.
Seguimos o anão e ainda no meio do caminho ele disse que iríamos a O Machado Invencível de Petron e Donovan começou o bate papo… como sempre.
– Meus caros, acredito que não poderíamos ir a um lugar melhor, o próprio Elminster já foi a essa taverna, que Elbma o proteja.
– Como assim? Elminster morreu? – perguntou espantado o jovem anão.
– Ahh, não ele está na base dos harpistas…
– Deixe o aí, está delirando – interrompo com rapidez para evitar que se espalhe o sumiço de Elminster.
– Ah! Esses bardos! Vivem contando histórias, nem todas são verdade não é mesmo? – riu o jovem.
– Ah… bem, sim – disse Donovan com relutância. – Pois bem, chegamos.
Do lado de fora se via apenas uma placa enorme com escritas estranhas – “Deve ser o nome da taverna em anão” -, dentro havia um salão também muito grande contendo vários anões, mesas e bebida. Ao longe consegui ver alguns competindo em quedas de braço e alguns anotando, acima deles haviam mais escrituras em anão e uma arca. Logo perguntei ao jovem do que se tratava a escritura:
– Ah, aquilo anuncia que os jogos estão próximos e aquela é uma das recompensas.
Vários anões se aproximavam e se inscreviam cada vez mais.
– Aquilo tudo é ouro? – pergunta Donovan espantado.
– Joias preciosas que valem muito mais do que ouro. As pedras que são lapidadas pelos nossos mineiros são aquelas mais valorizadas por toda a Toril e isso não é conversa de bardo – respondeu o anão.
– Eu me sentiria um pouco ofendido se eu não soubesse que é verdade, mas enfim, eu sei que você quer ir, pode ir – disse Donovan olhando para Goiki.
Então, eu e Goiki fomos. Enquanto andávamos pelo salão os anões encaravamm Goik, o que é normal, já que ele é um draconato dourado. Ao chegarmos no local da queda de braço um anão com uma barba não tão grande se comparada aos outros, nos recepcionou.
– Saudações, a tempo não vejo estrangeiros por aqui, ainda mais draconatos, viajou bem camarada? São muitos dias de viagem de Chultt até aqui – comentou o anão organizador.
– NEM TANTO, VIEMOS VOANDO – respondeu Goik.
Percebi o anão organizador com um olhar confuso e prestes a falar algo, eu o interrompi.
– Magia, magia.
– Ah, é claro, bom gostariam de se inscrever nos jogos?
– Sim eu e ele, ele e eu.
– Muito bem, em que competições querem participar? Temos corridas de carneiros, temos queda de braço, temos tiro ao alvo, temos batalhas de gladiadores, temos enfim…
Goiki se inscreveu na queda de braço, eu nas batalhas de gladiadores, pagamos a taxa de inscrição então ão o anão pegou duas tiras de couro e com um ferro quente as marcou.
– Aqui estão seus comprovantes, querem fazer um treinamento para se aquecer? Se quiserem nosso campeão do ano passado está disposto a qualquer um que o desafiar, bem quem quiser perder o braço – Goiki abriu um sorriso ao ouvir isso e o organizador gritou – Chamem o Taurus.
Um anão correu pela taverna, passou por entre alguns outros clientes e por uma cortina, então ouvimos uma voz grossa e alta vinda de longe.
– HAHAHA, finalmente um desafiante! Fazia tempo que não quebrava um braço de alguém!
Abriu-se a cortina para revelar o dono da voz, um anão gigante se comparado com os demais, quase tão alto quanto o próprio Goiki e com um braço enorme. Ele se aproximou mais e pôs o braço na mesa enquanto encarava meu amigo bárbaro. Precisei falar:
– Rapaz, que anãozão.
– Dizem que a mãe dele fez um ritual para engravidar do guerreiro mais poderoso de todos os tempos, já outros dizem que ela encontrou ervas mágicas e se nutriu para gerar um anão tão grande, outros dizem que foi só sorte – me diz um jovem anão.
Goiki se sentou e então eles começaram a pôr todo o esforço nos braços, um tentando derrubar o outro, até que depois de muito esforço Goiki venceu o campeão. Todos os anões ficaram boquiabertos por alguém ter finalmente derrotado o grande Taurus. O campeão se ergueu furioso após a derrota:
– Sorte de principiante, não estava aquecido o suficiente, muito parado, revanche!
E pôs o braço na mesa novamente. Goiki aceitou seu desafio e novamente começaram a por toda a força que tinham um contra o outro, “Essa mesa vai acabar quebrando”.
– Parece que sua força está diminuindo – exclamou Taurus e derrubou o braço de Goiki – Vamos deixar a final para o campeonato, gostei de você draconato, espero encontrá-lo na final.
Taurus partia enquanto Goiki dizia
– NA PRÓXIMA EU VOU VENCER!
– Estarei ansioso – comentou o anão gigante se virando com um sorriso antes de continuar seu caminho.
Percebi que alguns anões comemoravam enquanto retornávamos aos nossos companheiros, “finalmente o grandalhão vai perder”, outros diziam “foi sorte de principiante” e olhavam torto. Enfim chegamos a nossa mesa e as cervejas já estavam lá, assim como um Ryu desmaiado e um Donovan bêbado balbuciando besteiras. Me viro para Ivellius que parecia ser o único bem e pergunto:
– O que aconteceu aqui?
– Beberam a cerveja dos anões.
Ao ouvir isso Goiki pediu uma caneca e ao beber o primeiro gole, caiu duro. Os anões ao redor que antes comemoravam olhavam com desapontamento enquanto os outros que diziam ter sido sorte, se vangloriavam.
–Ele só está cansado depois de tudo que aconteceu.
Resmungou um Donovan bêbado de uma forma engraçada e sem jeito. Me voltei de novo para o elfo:
– Você consegue me carregar?
Ele me olhou por um momento e respondeu de modo calmo.
–Não.
– EU CONSIGO PODE DEIXAR –gritou Donovan ainda nos delírios da bebida.
Me sentia meio inseguro, mas já que estávamos ali.
– Eu vou tentar.
Pego a caneca e senti o cheiro forte como um dragão e robusto como uma rocha, mas mantenho-me em pé e tomo um grande gole. O gosto é tão forte, ou mais, do que o cheiro, porém ainda sou mais.
– Muito bem, sabia que você iria resistir, parece ser um guerreiro valoroso. – disse o atendente. – O gosto é forte, mas é bom, como um anão.
Então o atendente olhou desapontado para o draconato caído e diz:
– Pois é, teremos que carregar ele pessoal.
– Ahhh…
Os anões da taverna não queriam saber de um bêbado pesado demais para ser carregado e que iria atrapalhar a bebida deles.
– Eu consigo carregar ele! – diz Donovan delirando nos efeitos da cerveja.
– É senhor Petron, eu não vou levar esse grandalhão não, o outro humano ali até vai, mas o draconato não!
Enquanto a comida não chegava Donovan bêbado começou a desenhar com suas coisas alguns rabiscos na face de Ryu, após ele pregar essa peripécia decido que é justo que eu possa também fazer algo, então pego Ryu e o coloco em cima de Goik como se estivessem abraçados e todos da taverna ao ver aquela cena riem.
– Hahaha aquele é o “Campeão”?
Peripécias a parte finalmente a comida chegou e com ela a consciência de Ryu que saltou de susto ao ver a cara de Goiki, fazendo todos da taverna rirem. Ainda bêbado e sem entender o por que de tanto riso, ele é ousado e pede mais uma cerveja.
– Clérigo, clérigo, melhor não – avisou o atendente.
– Você tem certeza? – complementei.
Mesmo assim ele bebe e novamente vai ao chão,
– Bom, eu vou levar o clérigo aos seus aposentos se quiserem continuar – e Donovan começou a cambalear e falar algumas coisas aleatórias
– Precisa de ajuda? Parece um pouco tonto?
– Eu me viro.. – respondeu lentamente e meio grogue Donovan.
Com isso retornamos ao nosso alojamento e o bardo tentou falar entre soluços:
– Meus caros amigos, antes de apag-ar eu irei cur-ar todas as nossas feridas da última batalha
Com isso ele começou a soluçar mais enquanto recitava sua magia curativa
– Salut, Salut, Salut…
Apareceram algumas pequenas fadinhas também tontas e, aparentemente, bêbadas voando pelo local até nossas feridas, nos curando e sumindo em seguida. Então após o último Salut, Donovan caiu duro na cama, sua sorte foi que já haviam colocado as mantas para proteção do frio em cima da cama, pois a mesma era feita de pedra, logo ele não se feriu. Deitei-me em minha própria pedra-cama e vi no teto várias marcas naturais de rochas, que eram de certo muito boas para acalmar pois lentamente cai no sono.
Após uma noite de sono e descanso todos acordamos cedo e logo o jovem anão da outra noite apareceu no aposento dizendo:
– Bom dia senhores, vossas provisões já estão disponíveis na saída da fortaleza.
– Bom dia meu jovem, obrigado pelos serviços, a propósito como se chama? Eu me chamo Donovan.
– Me chamo John.
– Muito obrigado pelos seus serviços John você é o cara – continuou Donovan. – Bem acredito que não podemos esperar mais, devemos partir para a tal vila.
Então tomamos nosso caminho para a saída da fortaleza e após um pouco de caminhada chegamos a o outro lado desta, onde haviam bodes gigantes de montaria nos esperando junto de um anão que devia ser o cuidador deles.
– QUE LEGAAAAAL! – gritou Donovan animado.
Quando íamos tentar subir nos bodes o cuidador avisou que eles podiam ser violentos, então todos tentamos acalmá-los primeiro. Ryu de alguma forma conseguiu domar um dos bodes, Donovan tentou imitá-lo para domar o seu porém fracassou e recebe uma cabeçada direto no peito por isso. Eu tentei domar o logo a minha frente porém, sem sucesso, então ele tentou me acertar como o outro fizera com Donovan, mas o segurei pelos chifres e acabei escorregando, caindo no chão devido ao impacto repentino. Ivellius tentou uma reverência ao bode que entendeu mal, pois tentou acertá-lo, o elfo entretanto era mais veloz e desviou do golpe. Já Goiki com gestos e urros conseguiu, de alguma forma, acalmar o seu bode e montá-lo, “Que animal forte”.
Ivellius, insatisfeito com seu resultado, tentou novamente montar o bode sem sucesso. O cuidador então nos disse que devido a sua sagacidade iria ajudá-lo, então entregou algumas ervas que fariam o bode se acalma, então o elfo conseguiu montá-lo. Sem muita escolha eu e Donovan montamos nos bodes juntos de nossos camaradas Goiki e Ryu e partimos em direção a vila descendo uma rampa coberta de neve e guiados por John.
– Bom, ali está a província – disse o jovem anão guia ao apontar para uma cidadela mais a frente – e daqui eu volto, seria bom vocês se cuidarem com as… doenças… é bom vocês lidarem com elas, pois… não sei se sabem mas a cidade foi atacada por uma praga recentemente.
– Mas isso é uma praga! – exclamo.
– Espero que Lathander nos ajude – disse Donovan olhando para Ryu.
John então se despediu e rumou de volta enquanto continuamos nosso caminho até que chegamos na cidadela. Os portões estavam abertos e a cidade parecia abandonada, até que surgiu um anão com aparência desgastada, várias feridas cobriam sua pele e em seu olhar não havia esperança.
– O que vieram fazer aqui, viajantes? – perguntou com um tom de desânimo.
– Viemos atrás de uma pedra branca que aparentemente caiu aqui esses dias – respondeu Donovan.
– Hmn, eu não sei de nada disso sobre pedra, acho melhor vocês falarem com o representante da cidadela… ah ele se encontra mais à frente – respondeu o anão abatido enquanto apontava vagamente para dentro da cidadela.
– Você parece meio doente meu caro.
– Sim, eu fui infectado pela praga – disse o anão se desequilibrando e quase caindo no chão. – Ela contaminou nossa água, nossa comida, nossos peixes…
– Ryu, não consegue fazer nada? – perguntei ao clérigo.
– Eu não acho que tenho o poder necessário para cuidar de uma praga dessas.
– Poupe sua magia clérigo, se solucionarem esse problema salvarão a todos nós – interrompe o anão.
Então seguimos a frente em busca do representante. No caminho encontramos várias pessoas adultas e crianças com os mesmos aspectos como aquele que encontramos na entrada, todos aparentando estarem muito cansados e doentios, alguns mal podiam se mover. “Isso é muito triste”, pensava até que chegamos numa construção maior que as outras ao seu redor, era provavelmente a do representante e ao nos aproximarmos um guarda tão doente quanto os outros perguntou.
– O que vieram fazer aqui? Acabar com nosso sofrimento?
– Sim! – respondo e Donovan continua. -Sim, mas provavelmente não do jeito que você está pensando, viemos atrás da pedra que causou tudo isso e para solucionar o mistério da praga.
– Ah! Quer dizer que o rei finalmente se importou conosco, enfim podem entrar mais a frente está nosso líder, ele é o mais doente de todos.
Demos a volta num pequeno muro que havia a nossa frente e adentramos a construção para nos depara com uma visão de dar pena. Uma mulher segurava a mão do regente deitado numa cama de pedra, a coitada muito afetada pela doença, cheia de feridas pela pele e algumas partes de sua cabeça sequer mantinha cabelo, já o homem deitado eu mesmo não sabia se ainda estava vivo de tão acabado que estava. Sua pele quase completamente seca, sua barba com várias falhas e ele imóvel em uma túnica de peles deitado na cama. Logo a mulher se virou para nós e perguntou.
– Saqueadores?
O tom de desdém era cortante. Eles já estavam num estado tão ruim que acaso houvessem saqueadores só podiam aceitar e esperar pelo menos pior.
– Não, minha senhora, de forma alguma, viemos aqui para ajudar. Estamos atrás de algumas informações sobre a pedra branca que surgiu aqui a um tempo atrás – respondeu Donovan com seriedade.
– Finalmente, um lampejo de esperança – falou a senhora quase abrindo um sorriso.
– Agradeça a Magnim.
– Qualquer ajuda é boa, não importa de onde venha – continuou a mulher. – Querido, acorde, você precisa falar o que está acontecendo.
O anão cadavérico deitado virou então o rosto para nós de um modo que fez meu corpo tremer e, com uma voz rouca e fraca, se dirigiu a nós.
– Não temos mais salvação, vão embora – tossiu e escarrou sangue.
– Calma querido, descanse, você se esforçou demais – chorou a senhora limpando o sangue do marido.
– Tenha fé homem! – exclamou Donovan tentando dar esperança, mas fracassando ao ser ignorado pelo anão moribundo.
– Saymon, cuide do meu marido, vou falar com os aventureiros, por aqui – falou por fim a senhora enquanto pegava um cajado e com a ajuda dele andava até outro local para discutirmos melhor.
– Desculpe a forma com que meu marido os tratou, estamos à beira de um colapso.
– Tudo bem, entendemos de colapsos – respondeu Donovan.
– Em que posso ajudá-los?
– Gostaríamos de que pudesse nos ajudar a reunir algumas informações sobre a pedra branca que surgiu aqui, acreditamos que ela seja a chave para acabar com a praga e nos ajudar em nossa missão.
– Saqueadores vem constantemente a nossa província para pegar nossas provisões, nosso ouro e joias, todos só não morremos ainda porque nosso sacerdote tem usado sua magia para nos ajudar, ele tem feito uma sopa que tem sustentado a todos nós. Última vez que fiquei sabendo de bandidos eles fugiram a noroeste.
-O que tem a noroeste?
– Nos tempos em que eu podia cavalgar por essas montanhas lembro-me que a noroeste havia um conjunto de grutas, os bandidos devem estar as utilizando como esconderijo ou como local para trocar informações com outros bandidos.
– Então a senhora acredita que a joia está lá?
– Acredito que sim, também a pouco ouvi histórias de uma pirâmide de gelo se formando por lá, mais próxima a montanha.
– Eu tenho um mal pressentimento – digo ao ouvir sobre a tal pirâmide.
– Pelo menos não estamos mais com o mago – deixou escapar Ryu.
– Isso é bom até que ponto?
– Pois bem, – interrompeu Donovan – pelo menos não seremos traídos por conhecimento. Eu agradeço pelas informações senhora… ?
– Musca.
– Ah, certo obrigado.
Partimos em direção ao noroeste, enquanto andávamos pela cidadela pudemos ver uma fila se formando próxima a uma construção que se destacava das demais. Parecia um exército de mortos vivos formando a fila para receber a sopa do sacerdote local que chamava os anões para se alimentar, ele não parecia tão acabado como os outros, porém mostrava sinais de que estava sendo tomado pela doença. Várias pessoas pegavam a sopa que temporariamente parecia os recuperar um pouco de sua condição, porém, como eu disse, temporariamente. Logo após elas voltavam a ficar no mesmo estado, então todos concordamos de partirmos em busca dos bandidos logo em vez de correr o perigo de sermos infectados.
Assim que saímos da cidade seguimos rumo a noroeste e Ivellius apontou para algumas pegadas que encontrou.
– Acho que estamos no caminho certo – comentou o elfo.
Seguimos as pegadas, mas logo após elas sumiram. Por sorte avistei, por um breve momento, uma pequena fumaça que se dissipou rapidamente.
– Vi uma fumaça vindo daquela direção.
– Eu também vi, Ivellius.
– Bom, se vocês dois viram não deve ser uma ilusão, vamos nessa direção então – completou o bardo.
Seguindo no caminho encontramos um complexo de grutas e percebo de qual delas viera a fumaça, informando isso aos meu colegas. Todos então tentamos escalar para chegarmos a gruta, dei algumas dicas para meus colegas e conseguimos subir até a entrada da caverna.
Dentro estava tudo escuro, seguimos adiante tentando fazer o mínimo de barulho possível para não alertar nenhum possível inimigo no local. Entretanto o clérigo e sua armadura não conseguiam fazer muito silencio, então ao encontrarmos uma entrada mais a frente, eu, Goiki e Ivellius tomamos a frente. De repente, vinda do nada, uma flecha surgiu e quase nos acertou.
– Avise aos outros!
Ouvi vindo de mais adiante, percebo que mais para dentro do local havia um bandido de arco e corro para me aproximar dele. Assim que o alcanço ele foge e eu tento acertá-lo, mas como ainda está frio e meio congelado escorrego um pouco no gelo e erro o ataque, deixando o bandido escapar.
Escuto Goik correr e gritar como sempre, ouço os gemidos do bandido seguido então do som de queda no chão, nem preciso olhar, já sei que o bandido está derrotado. Vejo que a pouca luz que vinda do lado de fora se intensifica ao ouvir Ryu exclamar.
– Que haja a luz!
E na nossa frente estavam mais inimigos escondidos na escuridão que agora não existia. Logo a nossa frente seres cobertos com capuzes vermelhos escuros com uma espécie de símbolo, “um dragão acorrentado?”. Haviam também um orc mais armado ao lado de uma figura pequena de capuz e adaga em mãos, atrás deles o arqueiro que fugiu virado para nós, mas não parecia estar querendo lutar, ele simplesmente estava ali, mais ao lado havia o que parecia ser um caixão.
Donovan agiu rápido e tomou a frente tocando sua lira e recitando palavras arcanas, – In einem Unfall wird der Narr fallen -, logo após ele pronunciar essas palavras o orc olhou para o bardo com um olhar de terror.
– UMA BESTA DO CAOS, CORRAM! CORRAM! – gritava desesperado enquanto tentava fugir.
“Essas magias”, penso enquanto o homem de capuz mais baixo ri e começa a fazer gestos largos e estranhos.
– Hihihi, vamos ver se sua mente é tão poderosa assim – sua voz muda um pouco quando ele recita palavras arcanas. – Puppe Zorn mir gehorchen.
Das mãos dele começaram a surgir linhas que iam em direção a Donovan e logo acima do bardo surgiram objetos flutuantes, meio transparentes, meio roxos, não sei bem ao certo, porém deles saíam linhas que atingiram meu colega, penetrando em seu corpo.
– Argh! Maldição! Posso não me mover, mas continuarei ajudando meus companheiros, não posso me desconcentrar.
Não sou esperto, não sou um arcano e não sei ao certo o que se passava, mas sei de batalhas suficientes para identificar a intensão assassina vinda de um combatente e esse homem tinha muita contra nós. Um de nossos inimigos correu rapidamente em direção a Donovan que estava aparentemente imobilizado e imediatamente o golpeou duas vezes com sua adaga.
-AAARG! Me desculpem compatriotas, não consegui manter minha magia.
Pelo que pareceu Donovan não conseguiu manter sua concentração devido aos golpes repentinos e o orc percebeu que se tratava de uma ilusão.
– Truques! Truques de um arcano fraco! – furioso ele exclamou.
– Dass die Jagd ergriffen – se ouve na caverna.
E flechas voam em direção aos homens de capuz deixando o mais baixinho rodeado de raízes e imobilizado.
– AAh o que é isso? Eu não posso perder minha concentração.
Mesmo após ser atingido por flechas e pressionado pelas raízes, de alguma forma, ele manteve sua magia ativa e Donovan permaneceu imobilizado, já o outro atingido retirou as flechas presas e continuou em pé, o outro de capuz começou a fazer gestos e fumaça negra saiu de suas correndo pelo chão rapidamente até Ivellius que não conseguiu escapar a tempo das sombras misteriosas.
– Ajudem-me, não posso me mover direito, arg que bruxaria é essa?
– Goiki! Proteja nossos amigos, eu vou acabar com aqueles mais à frente.
– Pode deixar.
Então disparo em direção aos dois capuzes mais a frente, saco a minha espada e ouço o baixinho imobilizado pelas raízes suplicar.
– AAahh não faça nada comigo! Eles estão me manipulando.
– HÁ, você não pode me enganar, sinto seu desejo de violência no seu olhar.
Com um golpe ascendente eu acerto o mais baixinho o fazendo gritar, quando minha lâmina subiu até um certo ponto aproveitei que outro inimigo estava bem ao lado e mudei a posição do meu pulso, ajustando o movimento com o pé e completando o giro descendo em direção ao outro oponente, acertando-o com meu golpe.
– AAAh, não posso perder a concentração de minha magia.
Gritou o baixinho ainda mantendo Donovan sob controle, já o segundo puxou mais uma cimitarra além de sua adaga para tentar me ferir.
– Está se achando, não é? Agora é o seu fim, tome isso, isso e isso.
Com sua cimitarra ele desferiu dois golpes, porém lhe faltava técnica e defendi ambos com minha espada, mas por um breve momento olhei para trás para observar o que se passava com meus companheiros, nesse momento de distração, senti o ferro frio entrar em minha carne, uma dor já familiar, o maldito fincou sua adaga em meu abdômen.
– Hahaha, eu irei acabar com você.
– Você terá de tentar mais do que isso!
O orc furioso avançou sobre meus companheiros, ouvi rugidos de fúria e gritos de dor de Ivellius. Pensei em ir ajudá-los, mas acredito que Goiki é o suficiente para eles conseguirem, ouço gritos dos inimigos e por um momento observo o draconato com um giro duplo acertar os dois inimigos, fazendo-os gritar de dor. Enquanto observava Ryu ergueu seu cajado e recitou palavras mágicas.
– Ge mig ditt svärd att förstöra mina fiender O Lathander.
Ao dizer essas palavras uma espada de luz e chamas brancas surgiu a sua frente e ele com seu cajado apontou em minha direção. A espada conjurada voou e girou ao me atravessar, porém quando passou por mim não senti dor, pelo contrário, o calor das chamas é revigorante me fazendo resistir melhor ao frio da montanha, já no pequeno de capuz ela o golpeia com um
golpe certeiro fazendo-o cair enquanto dizia suas últimas palavras:
– Aaarg, malditos, não sairão daqui vivos.
No mesmo giro a espada golpeou o outro inimigo ao lado.
– Arg, maldito clérigo todos vocês irão perecer.
Vejo um brilho familiar passando pela gruta, o mesmo brilho que já me salvou várias vezes, a magia curativa de Ryu. Então uma melodia rápida e violenta gerada por Donovan, seguida de muito brilho passou pela gruta, mesmo sem ver sei que ele deve ter descarregado tudo que tinha no homem de capuz mais ao longe, o combatente a minha frente novamente tentou golpear com sua cimitarra e eu, novamente, o bloqueio e somente com um golpe sorrateiro de sua adaga ele me acerta.
– Vamos você consegue melhor do que isso!
O outro arcano maligno começou a gesticular e falar aquelas palavras estranhas.
– Die Flammen des Todes Lauf!
“Jamais irei entender como isso funciona” e chamas negras saíram de suas mãos, voando em direção ao grupo, deve ter tentado uma vingança contra Donovan, que acabara de atingi-lo, mas continuo focado no inimigo a minha frente, seguro com força minha espada e lanço um golpe com toda minha força no guerreiro inimigo que, devido a força, chega a ir para traz fazendo com que meu segundo golpe passasse direto já que a distância se alterou. O bandido ladrão que havia fugido antes então abriu um sorriso e abriu uma porta atrás dele enquanto dizia:
– Alguém tem de informar o branco.
– Pois vá! Sei que é um covarde!
Outro de capuz é quem responde, “Parece que realmente não a honra entre os ladrões”. O bandido fugiu pela porta e eu queria persegui-lo, porém, um inimigo ainda estava em meu caminho. De repente a espada flutuante volta a se mover e golpeia o arcano maligno ao longe, enquanto isso uma flecha acerta meu inimigo que cai morto, ao finalmente me virar vejo alguns de meus companheiros muito machucados, e Ryu berrando:
– Saiam trevas, deixe meu colega.
Dois inimigos permaneciam, então avanço em ajuda de meus camaradas e golpeio os dois, enquanto corria abaixo minha espada e preparo um golpe ascendente seguido de um salto que atinge o orc em cheio e na descida imediatamente dou um golpe no outro inimigo, que cai morto.
– Desista – sugere Donovan ao inimigo restante.
– EU LEVAREI AO MENOS UM DE VOCÊS.
Grita o orc e com sua força restante golpeia Ivellius que cai no chão muito ferido.
– ELFO – gritou Goiki enfurecido, ele encara o orc prepara seu golpe gritando – VOCÊ IRÁ SENTIR O PESO DE BAHAMUT SOBRE VOCÊ, MALDITO!
Enquanto berrava ainda exalava um pouco de brasas de sua boca e com um golpe ele arranca as pernas do orc, com outro um braço, com um terceiro o outro braço e no quarto um golpe que parte os restos do orc ao meio. Quando achávamos que havia acabado da mão do pequeno arcano que se abriu de repente, surge uma caveira dourada com olhos cravejados de rubis e o sarcófago começa a se abrir…
“Bem, só mais um dia comum.”