Conto narrado pelo escriba Ryu Lucem (clérigo de Lathander – Jogador William Jefferson Barboza – estudante do 2º ano do ensino médio do curso integrado em informática)
Aventura do dia 29 de março de 2017 no projeto RPG na escola, coordenado pelo Prof. Helltonn Winicius.
Ainda naquela caverna escura e úmida, após o fim da batalha, veio uma sensação de alívio por mais uma vitória. Porém tudo isso foi embora quando o sarcófago meio velho e com algumas marcas começou a brilhar e abrir, libertando uma aura assustadora. Eu não sabia o que tinha ali, nem queria saber, foi uma sensação aterrorizante, era como se o que estivesse ali dentro quisesse nos matar… ainda tenho na lembrança o momento em que a criatura saiu do sarcófago.
Ele tinha apenas colocado a mão para fora e, naquele momento, Joseph foi em direção ao sarcófago, ele chegou perto do caixão e olhou seu interior, foi possível perceber ele dar um passo para trás como se quisesse recuar, mas ele seguiu em frente e conseguiu fechá-lo.
— Companheiros, há uma múmia aq.…— antes que pudesse terminar a frase o sarcófago começou a tremer — GOIKI!! Dá uma forcinha aqui!
Após o chamado, a tampa do sarcófago explodiu e jogou o guerreiro a alguns metros de distância. O que era uma pequena aura aterrorizante veio como uma névoa densa, meus instintos disseram para correr dali, eu não podia, fechei meus olhos e respirei fundo, quando os abri fitei no meio dos olhos da criatura e me acalmei.
Fonte: http://christopherburdett.blogspot.com.br/2017/04/festering-mummy-mtg-amonkhet.html
— Aahh essas são as tão famosas múmias? Sempre quis contar histórias sobre elas
Falou o bardo de uma maneira muito calma. Era de se esperar. Ele já devia ter ouvido sobre coisas piores.
O bárbaro ainda em fúria da batalha que terminara há pouco tempo, avançou em direção a múmia e com seu machado destroçou a parte esquerda das costelas da múmia, creio que achou aquilo muito fácil pois baixou a guarda um instante, não percebendo que seu golpe fez um pó sair de dentro dela, o qual respirou.
A poeira estava densa, entretanto era possível com meus olhos de sacerdote ver que não era apenas areia comum. Vi os espíritos misturados aos grãos, eles sugaram parte da essência de vida de nosso amigo bárbaro, a pele de Goik parecia mais seca e rachada.
— Saia de perto dela! — gritei para ele, enquanto corria em sua direção, tirava meu amuleto e o levantava aos céus, um brilho emanou e várias ondas de impacto percorreram toda a caverna.
Com o primeiro golpe de luz a múmia recuou para o sarcófago, tentava se esconder.
— Suma criatura profana! Vamos embora, não temos muito tempo, apenas um minuto.
Todos começamos a recuar. Donovan se aproveitou da situação para pegar o crânio que o goblin derrubou e percebeu um pequeno mecanismo que acionado mostrava o interior do crânio de ouro. Dentro ele viu pequenos pergaminhos.
— Precisamos sair daqui, vão na frente e eu fico de prontidão para o caso de algum bandido aparecer, mas o que você achou dentro dessa caveira? – perguntou Ivellios antes de seguir para a entrada.
— Em um deles vi fórmulas alquímicas de um ácido, curiosamente este pergaminho cheira a limão. Há mais dois pergaminhos — respondeu Donovan enquanto examinava o achado.
Ivellios foi em direção a ele e pegou um dos outros pergaminhos.
— Aqui tem um poema, não dá para ler muita coisa agora mas acho que consigo recitar o início “Psicologia de um vencido” é o título. E diz assim:
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
— Eu lembro desse poema se eu não me engano o resto dele é assim…
Produndissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Joseph tomou a frente e averiguou a outra passagem interna da caverna.
— O que vê, nobre guerreiro? — perguntou o bardo enquanto comentava com Ivellios sobre o poema encontrado.
— Um caminho descendo, estreito, escuro e úmido.
— Talvez eu conseguisse ver melhor, daqui a pouco eu vou aí
Goiki acompanhou o guerreiro e ao chegar perto da entrada pegou uma tocha e a acendeu, iluminado o caminho a frente. Me aproximei de Donovan para pegar o último papel, era apenas uma folha em branco com um cheiro de limão. Naquele momento, me lembrei de uma lição que aprendi na igreja, como fazer mensagens ocultas. Era simples, se escrevia a mensagem com limão e esta ficava invisível e só seria vista quando exposta a alguma fonte de calor. Naquele caso, a tocha que Goiki acendeu serviu muito bem para isso. No papel estava escrito uma receita de, ao que aparentava ser, uma sopa ou alguma bebida.
— Aqui tem uma receita de sopa, mas há muitos ingredientes estranhos as sopas normais: amoníaco, vísceras de animais mortos, amanita phalloides…
— Amanita phalloides é um tipo de cogumelo muito conhecido como Cicuta verde – me interrompe Donovan.
– O que? Esse é um dos cogumelos mais venenosos do qual já ouvi falar, alguns colegas rangers banhavam suas armas com um líquido feito com estes cogumelos para tornar seus ataques ainda mais eficazes. – completou Ivellios.
– Companheiros, não acho que o clérigo daquela vila seja tão bondoso assim como aparenta ser, essa receita não parece nem um pouco amigável e acho que ela está sendo dada para o povo da vila beber.
Quando terminei de falar, lembrei de uma coisa, havia me afastado da múmia e minha magia não teria mais efeito. A criatura saiu novamente da tumba, Ivellios de imediato pegou seu arco e puxou uma flecha, várias folhas giravam ao redor dela e, quando acertou a múmia, várias raízes surgiram para prende-la.
Joseph gritou que a múmia estava com muitos ferimentos e prestes a ser derrotada:
— Deem cabo dela, eu e o Goiki vamos descendo e esperamos vocês lá em baixo, tomem cuidado! — completou enquanto descia pelo caminho com a companhia do bárbaro.
— Esperem, eu também estou indo, vai que vocês encontram algo que seja útil para minhas histórias? — falou o bardo indo na direção deles.
Ficamos apenas eu e Ivellios contra a múmia. O elfo continuou seus ataques enquanto eu procurava algo que pudesse ser útil para nós entre os corpos. Quando finalmente a múmia se desfez em poeira, resolvemos descer e ao chegar perto da entrada escura ouvimos um barulho na distância. Parecia que nossos carneiros estavam sendo atacados, não sabíamos o que era, mas nem um de nós tínhamos coragem para ouvir isso, então fui na frente e ao chegar no fim do túnel vi uma pirâmide enorme de gelo. De onde estávamos era possível ver algumas pessoas trabalhando nela e, ao que aparentava ser, eram todos escravos. Donovan e Joseph estavam logo a nossa frente, mas nenhum sinal do Goiki, quando cheguei mais perto pude ver que estávamos na frente de um penhasco.
— Cadê o Goiki? — perguntei preocupado.
Eles apenas apontaram para baixo e ao chegar perto da beirada pude ver ele escalando o abismo congelado sem nenhum equipamento.
— Bem tenho uma magia para segurar nossa queda, mas vocês vão ter que pular comigo— falou Donovan enquanto pegava sua lira.
—Temos outra escolha? — questionou Joseph.
—Bem, você pode ir escalando também, mas não acho que seja nem um pouco seguro
—Então vamos pular.
Nos afastamos um pouco do penhasco para pegar impulso e pulamos juntos, Donovan tocou uma melodia que fez nossa velocidade de queda diminuir, passamos pelo Goiki e percebemos que Ivelios não estava entre nós. Ao chegarmos no chão começamos a nos questionar.
—Ele não estava com você?
—Sim, mas quando nós descemos eu pensei que ele tivesse vindo, só espero que ele não tenha ido olhar o motivo daquele barulho.
—Que barulho? — perguntaram os dois ao mesmo tempo
—Bem, não sei o que é, mas, parece que nós perdemos nossa carona para casa
—Aaaahhh!!! Sai de baixo!!— uma voz vinha do céu
—Aquele não é o Goiki? — perguntou o guerreiro
—É ele mesmo! Donovan!
—Já sei, já sei— disse Donovan tocando novamente a melodia.
—Bem já que estamos todos nós aqui, vamos esperar por algum sinal de Ivellios enquanto olhamos a área. Vimos vários orcs com armaduras e armas além de muitas pessoas maltrapilhas, aparentemente são todos escravos que variam entre elfos, humanos e anões.
—Eiii! Por que não me esperaram?
—Olha ele aí— disse o guerreiro
—Pula!! Eu uso uma magia em você! — respondeu Donovan
—Esperem aí — ele saiu de perto do penhasco e após alguns instantes voltou — Eu vou pular! — era possível ver que ele estava com uma corda amarrada na cintura— Use a magia!
—Ah, sim, desculpa — falou Donovan enquanto tocava sua melodia.
Ivellios ao perceber que a magia estava fazendo efeito, cortou a corda que estava amarrada na sua cintura e ao chegar no chão perguntou
— O que vocês viram?
— Cerca de vinte orcs, todos bem equipados, e vários humanos, anões e elfos escravos.
Ao olharmos novamente em direção a pirâmide vimos que havia uma criatura misteriosa, além dos orcs, talvez algum dos animais deles, porém o que chamou nossa atenção foi que um humano olhou diretamente para nós, talvez por causa do barulho que tínhamos feito, mas ele comentou com alguns escravos perto deles, até que um dos orcs aparentou reclamar com ele e o chicoteou.
— Bem, eu não quero morrer hoje, então acho que deveríamos avisar sobre isso a Manopla de Ferro — sugeriu Ivellios.
—Eu concordo caro amigo, mas como vamos chegar até lá? — questionou Donovan.
—Podemos contornar a montanha, é isso ou enfrentar um exército de orcs.
—Então vamos logo antes que anoiteça, não estou nenhum pouco afim de ficar a noite em um local quente como esse — comentei com ironia.
—Mas por que vocês desceram aqui? Ninguém tinha visto que haviam vinte orcs? — pergunta Ivellios.
—Não! — todos respondemos ao mesmo tempo.
— Antes de continuarmos, acho que deveríamos curar os nossos ferimentos— disse Ivellios.
— Realmente, sinto que meu magnetismo pessoal está acabando — comentou Donovan.
—Infelizmente não posso mais fazer muitas preces a Lathander, seria bom algum lugar para descansar, você tem alguma sugestão, Ivellios?
Ele olhou ao redor por um breve momento e apontou para uma pequena depressão.
— Ali! Ali é um bom lugar para descansarmos, ninguém iria nos ver.
Todos fomos e dormimos. Após o curto descanso continuamos em nosso caminho para contornar a montanha com Ivellios na frente nos guiando, até que ouvimos passos. Eram alguns orcs que não queriam conversar pois já começaram nos atacando, então bati meu cajado no chão conjurei uma bola de fogo dourada e avancei jogando-a no arqueiro enquanto fazia um pequeno trocadilho:
— Está frio! Porque não se aquece um pouco com isso?
Ao ser atingido ele caiu no chão inconsciente. Donovan sacou sua cimitarra e foi em direção a um dos orcs, mas o inimigo conseguiu se defender do ataque porém ao fazer isso deixou a guarda aberta para Joseph que, sem piedade, o golpeou nas costas duas vezes e o deixou caído, morto, no chão.
— Vá para a pirâmide e avisem que temos invasores! — gritou um dos orcs, enquanto corria em direção a uma carroça onde haviam vários prisioneiros e o outro corria em direção a pirâmide.
Na tentativa de não deixar que nenhum deles escapasse, Goiki correu desesperadamente para aquele indo em direção a carroça, entretanto um verme gigante surgiu das entranhas da terra gélida, lançando o orc para cima e antes que ele alcançasse o chão, a criatura abriu sua enorme mandíbula repleta de dentes afiados, engolindo-o rapidamente. A fera do gelo então olhou para Goiki ansiosa em abocanhar sua próxima presa…
Fonte: http://forgottenrealms.wikia.com/wiki/Remorhaz?file=MHB2_wp07_1280_-_Remorhaz.jpg