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CNa#038: Chanda Suria, A dançarina | Conto de Horror

Um conto de Luis Couzenn - Orik

Chanda Suria era uma garota nascida em uma abastada família indiana, educada e criada para ter um bom casamento. O casamento arranjado parecia perfeito, até que a jovem começa a ter sonhos estranhos e seu primeiro contato com o Mundo das Trevas acontece. Esse conto serviu de background para uma caçadora de vampiros utilizada narrações de “Vampiro A Máscara” e se conecta com um conto de seu parceiro, Yamato, O Guerreiro. Indicado para 16 anos ou mais.

 

Contos Narrados. Aqui você encontra mais um conto sonorizado produzido pelo do RPG Next.

Coloque seu fone de ouvido e curta!

▬ Autor:
Luis Couzenn – Orik.

▬ Narração:
Wevison Guimarães.

▬ Masterização, sonorização e edição:
Rafael 47.


Contos Narrados apresenta, “Chanda Suria, A dançarina”, um conto de “Horror”.

Chanda Suria, menina obediente, menina saudável, criada para ser uma boa esposa. Seu marido herdaria a grande fortuna de sua família, por isso foi criada e educada para ser simplesmente a melhor de todas e, assim, conseguir um bom herdeiro para tudo.

Dançava como uma deusa, mas nunca sentia que seu lugar era na dança, sempre houve aquele sentimento de que não havia nascido para isso. Mas, mesmo com toda estranheza que seu preparo para ser uma boa esposa lhe causasse, não queria magoar sua família, pois eles eram os únicos amigos verdadeiros que tinha, jamais poderia decepcioná-los. Entre a alta sociedade, ganhou o apelido de Nartakee (dançarina em Hindi). Em todos os eventos, comandava uma apresentação de dança que encantava a todos, sua beleza, sua graça e sua, tardiamente descoberta, voz eram hipnotizantes para todos.

Seu casamento se aproximava e quanto mais perto chegava do grande dia, mais sua inquietação aumentava. Iria casar tarde, seu pai quis ter certeza de que tinha escolhido o melhor marido de todos. E depois de saber que o marido havia sido escolhido, os sonhos começaram. Todas as noites, se deitava cedo para preservar sua beleza, e, então, via lugares que nunca havia visitado antes. Prostitutas por todos os lados, tantos perfumes fortes misturados que suas narinas mal aguentavam. Nartakee demorou para entender que olhava através dos olhos de alguém em seu suposto sonho, até que ouviu um nome, um homem alto, muito pálido, se dirigiu diretamente a pessoa cujos sentidos ela utilizava. O homem convocou a pessoa para um aposento privativo, serviu de seu próprio sangue e Nartakee sentiu tudo através do corpo daquela pessoa, seus sentidos aumentaram, seu corpo parecia mais forte, a sensação era de êxtase e, com algumas ordens sendo balbuciadas, a moça despertou ofegante.

Nartakee com sua voz encantadora conseguiu convencer sua mãe de dizer o nome de seu marido e tudo que ela temia se concretizou. Ela sabia que seus sonhos eram reais, que de alguma forma ela podia ver e sentir o que outra pessoa muito longe estava vendo e sentindo, e ao ouvir de sua mãe aquele nome, tudo fez sentido. Seu futuro marido era a pessoa cujo corpo ela visitava todas as noites e frequentava aqueles lugares imundos e bebia do sangue gélido de outro homem que parecia um fantasma. E foi então que ela decidiu que teria que decepcionar sua família para salvar tudo aquilo que seu avô e seu pai construíram ao longo de anos, não poderia deixar que tudo caísse nas mãos de um depravado, que ainda por cima seria seu marido.
Chanda contratou um grande detetive, que, em poucos dias, obteve provas suficientes para desfazer seu casamento. Mas, mesmo que o preço pelos serviços do detetive não fosse nada para sua fortuna, o preço que seria cobrado por sua iniciativa de salvar o patrimônio de sua família seria muito mais alto do que ela poderia imaginar.

Os sonhos se foram. Durante três noites Nartakee dormiu em paz, mas na quarta noite voltou a ver pelos olhos de alguém. Esse alguém estava irado e corria pela rua a uma velocidade desumana, até que ela viu suas mãos e estava novamente no corpo de seu ex-futuro marido, mas ele estava diferente, parecido com aquele homem pálido que ela havia visto. Ao final da corrida, ela viu o portão da propriedade de sua família, e ela sabe o que ele veio fazer, ele estava diferente, mais forte, e iria usar isso contra ela e sua família.

Nartakee se esforçou para despertar, mas não conseguiu e viu aquele homem massacrar a todos, matar seus pais, tios, todos os empregados que sempre cuidaram dela e então ele parou, em frente à porta de seu quarto.
Então Nartakee despertou, ela sabia que estavam todos mortos e que não lhe restava mais ninguém. Nos poucos instantes que tinha, antes daquele homem entrar em seu quarto, ela se agarrou a última coisa que possuía, o pingente de Om que sua mãe havia lhe dado quando era criança e começou a recitar seu mantra de proteção (Narasimha Ta va da so hum). E então, ele entrou e ela viu o rosto daquele homem com seus próprios olhos pela primeira vez.

Tomado pela cólera, o homem avançou alguns passos e, de repente, parou diante da cama dela, parecendo fazer muita força para continuar se movendo. Ele esbraveja alguns xingamentos, sem entender o que estava acontecendo. Mas Nartakee sabia, os deuses a estavam protegendo, ela podia sentir. Nartakee sentiu que tinha poder, sentiu que podia fazer algo que nenhum de seus familiares pôde, ela se levantou com coragem e, junto dela, dezenas de objetos em seu quarto flutuavam, como que incentivando-a a continuar.

Om Apa-sarpantu Tae bhuta Yei bhuta
Bhuvi Sam-stitaha
Yei Bhuta Vigna Kartara
Stei Gachantu Shiva Ajnaya

( Que os espíritos que estão assombrando essa área desapareçam e jamais retornem, por Ordem de Shiva)
Nartakee mudou seu mantra, sabia que os Deuses têm poder para destruir essa monstruosidade que matou sua família, sabia que os deuses compreendiam sua vontade de se vingar e aceitou ser a espada dos deuses. Ela se aproximou daquilo que já fora um homem, ele ainda esbraveja e cuspia ofensas sem poder se mover, Nartakee empunhou seu pingente de Om na direção dele e de repente pareceu ver dentro da mente daquela criatura. Ela sentiu o medo que ele sentia dela, ouviu seus pensamentos em um turbilhão veloz e indistinguível. Agora, ela estava diante dele, ele era alto, e ainda assim ela se sentia como uma gigante. Nartakee encostou o pingente no peito do não-homem, recitando seu mantra a plenos pulmões. A carne da criatura queimou e se desfez ao contato, ele gritou, seus caninos pontiagudos destacando-se dos outros.

Nartakee não sorriu, aquilo morreu diante dela, se dobrando ao poder dos Deuses, mas ela não sorriu. Não existia satisfação, este era apenas um pequeno passo, existiam mais monstros como este e agora entendia sua função no mundo, exterminar aquilo que os Deuses não criaram. Ela faria isso, pelos deuses e por sua família assassinada. O monstro morto caiu no chão e começou a se desfazer em cinzas. Nartakee foi invadida por uma sensação de paz e adormeceu em sua cama, exausta.

Na manhã seguinte ela e alguns conhecidos deram funerais dignos a todos aqueles que morreram na propriedade de sua família. Nartakee entregou o controle da empresa de seu pai a seu amigo de confiança e lhe disse apenas para lhe enviar os lucros que lhe couberem como, agora, dona da empresa. Se isolou e começou a caçada. Para as monstruosidades e todos aqueles que fossem indignos ela seria conhecida apenas como “A Dançarina Nartakee”, seu nome seria restrito.

Os anos passaram, ela tornou sua dança mortal, confiou seu caminho aos deuses, até que eles colocaram a Sociedade de São Leopoldo em seu caminho. Mesmo acreditando em outro Deus, eles a acolheram, ajudaram-na a controlar seus poderes, que, até então, ela acreditava estarem apenas sob controle dos deuses. Ela encontrou companheiros e percebeu que o mundo era muito mais vasto do que ela imaginava, outros Deuses também tinham poder e demandavam a destruição dos monstros. E, em uma viagem ao Japão, encontrou aquele que seria seu maior parceiro, aquele errante que ela chamou de Yamato.


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