CNa#052: O Mago Louco (Parte 1) | Conto de Fantasia Medieval

Um conto de Leo Rodrigues

A loucura muitas vezes pode ser confundida com a falta de compreensão dos demais para com os objetivos de cada indivíduo, seria Ragy Lemar louco ou apenas um homem em busca de conhecimento e de explorar as possibilidades de seu mundo? Indicado para 14 anos ou mais.

 

Contos Narrados. Aqui você encontra mais um conto sonorizado produzido pelo do RPG Next.

Coloque seu fone de ouvido e curta!

▬ Autor:
Leo Rodrigues.

▬ Narração:
brendo Santos.

▬ Masterização, sonorização e edição:
Rafael 47.


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Contos Narrados apresenta, “O Mago Louco (Parte 1)”, um Conto de Fantasia Medieval.

CAPÍTULO 1: Na trilha

Era uma noite fria e sem luar, apesar de não ser inverno. No grande continente de Etron era comum a temperatura ficar mais baixa, suas gigantescas árvores com copas atingindo mais de 100m de altura estavam úmidas.

O céu estava escuro como um poço fundo, porém recheado de infinitas estrelas formando constelações que davam asas à imaginação dos homens, estes se reuniam em volta das fogueiras para contar histórias de outros tempos. Histórias de como surgiram a terra, o céu, os homens, as mulheres, os mares, as montanhas, histórias incríveis sobre heróis de um tempo longínquo, bem como sobre os heróis dos dias presentes.

Cantarolavam, ao som de batuques e flautas, cantigas que seus avós lhes ensinaram, algumas sobre magos poderosíssimos e como eles podiam controlar a natureza, como venceram a guerra contra os dragões e os gigantes, até mesmo como eram capazes de enganar o próprio tempo e a morte. Naquele tempo a magia era farta, mas escasseou e apesar de ainda existirem magos  agora são raros e não têm mais o prestígio de outrora.

Em algum lugar no Norte, no meio da floresta de Doow, havia uma trilha antiga já quase inteiramente recoberta por arbustos e capim. A mata primária fechada, unida à escuridão e aos sons dos animais daquela região criava uma atmosfera de tensão e terror para qualquer humano comum, mas Ragy Lemar não era uma pessoa ordinária, era conhecido como “o louco”.

Ele tinha 1,70 m etro, cabelos e barba compridos e castanhos, assim como os olhos fundos. Era forte, tinha porte físico atlético devido aos anos de treinamento em combate e a pele branca bem bronzeada, por conta de suas peregrinações. Apesar de ser um homem bonito, não cuidava de sua aparência, estava sempre com os cabelos emaranhados e despenteados, a barba cheia e desalinhada.

Ele vestia uma túnica azul marinho com uma corda prateada amarrada na cintura e carregava consigo um grande cajado, com uma turmalina extremamente bem polida na ponta, que o auxiliava a atravessar trilhas difíceis, além de ser o seu xodó.

Ragy Lemar tinha por volta de 30 anos, mas aparentava ter mais, suas muitas cicatrizes lhe garantiam um ar de experiência, já seu jeito calado, de sabedoria.

Ele não sabia ao certo porquê estava naquela trilha, mas confiava inteiramente em seus instintos, sentia em sua alma que no fim daquele caminho esquecido haveriam grandes glórias e sabia também que, como um bom mago, sua intuição jamais o enganaria.

Ali naquela floresta assombrosa, lembrava-se de sua infância, de como sua mãe costumava dizer para que ficasse longe do bosque nos fundos da fazenda da família Lemar, pois lá morava uma criatura terrível, que em noites sem lua saía para caçar e rasgava as entranhas de alguns animais da pequena propriedade para se alimentar.

Revivia em sua memória o dia em que se deparou com a criatura. Em uma manhã ensolarada, estava brincando de pique com seu primo mais velho, e sem perceber, correram bosque adentro. Seu primo, Felan Magrab, conseguiu despistá-lo e quando finalmente se deu conta de onde estava, o pequeno Ragy congelou de medo.

Como se não bastasse, avistou bem à sua frente, olhando diretamente para ele, um lobo negro com olhos amarelos e os dentes brancos e afiados para fora da boca espumando saliva, rosnando e com as orelhas rijas em pé, em posição de ataque.

O jovem estava paralisado, mal conseguia respirar de tanto medo, seus olhos vidrados naquela criatura magnífica e aterrorizante. Queria correr, gritar, mas seu corpo não o obedecia. A criatura se agachou preparando o ataque.

Naquele momento, o chirriado de uma coruja chamou sua atenção afastando suas lembranças. Caminhando por aquela trilha podia enxergar graças à luz bruxuleante que emanava de sua turmalina, não era forte, mas transformava a escuridão completa em uma leve penumbra.

A atmosfera naquela floresta era desconfortável. Ragy acreditava que seu grande poder inspirava cobiça, e desde que abandonou o passado em sua terra natal, tinha a sensação de que estava sendo seguido, sabia que não era coisa boa.

Ouvindo um farfalhar atrás de si naquela trilha abandonada decidiu acelerar o passo. Desviando de galhos secos retorcidos, tocos, raízes, até mesmo de algumas árvores caídas no caminho. Seguiu sempre confiante, sem olhar para trás.

Sem se dar conta, suas memórias voltavam a aflorar, e se via novamente paralisado de medo em frente àquele animal negro, pronto para rasgá-lo como fazia com os animais da fazenda.

Mas antes que fosse tarde demais, em um ímpeto para salvar a própria vida, o jovem saltou para o lado, rolando uma pequena ribanceira abaixo. Ela tinha não mais que 4 metros de altura, mas o suficiente para quebrar a perna direita, dois dedos da mão esquerda, ter alguns arranhões e desviar da investida da fera, que parecia degustar cada momento, como se estivesse se alimentando do desespero daquela criança.

O lobo descia calmamente a ribanceira, saltando com maestria entre as raízes retorcidas, acercando-se daquele sujeito indefeso, com uma postura de superioridade e poder, parecia saber que seu almoço estava servido.

– FELAAAAAN!!! ME AJUDA! – Gritava o pequeno rapaz desesperado. Mas não tinha respostas, além de um rosnado feroz.

O lobo se aproximava vagarosamente, enquanto Ragy tentava se arrastar para longe dele, desesperado. Contudo, percebeu que era inútil tentar fugir, então procurou algo que pudesse usar como arma à sua volta. Jogou algumas pedras no lobo, que não surtiram  efeito algum, e o animal o alcançou, pisou em sua perna quebrada, ele gritou. Pisou em seu peito com as duas patas dianteiras, o peso do bicho era impressionante, comprimia seus pulmões, não conseguia respirar, quis gritar, mas o som não saiu.

Aquela fera negra aproximou-se do rosto de sua presa cheirando-a, era possível sentir o bafo quente de sua respiração, e lambeu seu rosto deixando-o babado. O jovem tinha se entregue, quando ouviu ao longe seu primo gritando: “Ragy! Cadê você? Sua mãe vai matar a gente se não voltar para casa agora! ”.

Foi o suficiente para chamar a atenção do lobo, que desceu as patas dianteiras para o chão, e como uma medida desesperada, Ragy alcançou um galho partido esticando seu braço direito e enfiou-o com toda a força que tinha no pescoço do animal, que soltou um ganido estridente e começou a se debater tentando tirar o galho enfincado em seu pescoço, até cair no chão soltando um leve uivo de sofrimento.

– Ragy! Até que enfim! O que aconteceu? Você está machucado! Vamos pra casa, eu te ajudo. – Disse Felan em uma mistura de alívio e preocupação.

– Felan, cuidado! Ele ainda pode estar vivo… – Alertou Ragy – O lobo… eu, eu… tanto medo, achei que, que ele ia.. eu ia mor.. – Ragy Lemar desabou em lágrimas e soluços.

– Do que você está falando? Está tudo bem agora, eu vou te levar pra casa! Fique calmo, primo. Está tudo bem, eu estou aqui! Não vou mais te perder de vista.

Ragy tentou se acalmar, e respirou fundo para poder avisar ao primo: “O lobo, temos que levar o lobo, eu matei ele! Ele está ali, vamos levar ele!”

– Ragy, do que você está falando? Não tem lobo nenhum! Deve ser efeito da queda, você deve ter batido a cabeça. – Disse Felan bem preocupado.

Ragy se virou para onde o lobo tinha caído, e viu que realmente ele não estava mais lá, nem ele e nem o galho partido.

Todos que ele conhecia na pequena cidade acharam que ele estava mentindo quando contava essa história, que ele havia inventado isso, pois era vergonhoso demais admitir que caíra sozinho e quebrara a perna no bosque.

Aos poucos, com as recordações de todos lhe dizendo que era um mentiroso, foi voltando sua atenção novamente para o presente, aquilo já não o incomodava mais.

Ao passo em que avançava na trilha, sentia uma angústia crescente em seu peito, sua respiração estava ofegante, ele suava frio, segurou o cajado com mais força para que não escorregasse da mão suada, sentia uma pressão pulsante atrás dos olhos, suas pupilas dilatadas e os pêlos arrepiados.

Já sentira essa sensação antes, quando encarou o lobo pela primeira vez e várias outras vezes. Sabia que o mal o alcançara, estava quase no final da trilha, mas não tinha outra opção, Ragy Lemar precisava enfrentá-lo.


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