CNa#060: Carnificina | Conto de Horror
Um conto de Herica Freitas
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Carnificina conta a história da vida de Rose, uma menina marcada por tragédias. Ao longo dos anos em seus aniversários a garota sempre está envolvida em situações que envolvessem a morte…
Coloque seu fone de ouvido e curta!
▬ Autor:
Herica Freitas.
▬ Narração:
Wévison Guimarães.
▬ Masterização, sonorização e edição:
Rafael 47.
Contos Narrados apresenta, “Carnificina”, um conto de horror.
12 de Janeiro de 1996:
— Parabéns papai, é uma menina! — o médico diz sorrindo.
— Eu posso vê-las, doutor? — o homem ruivo pergunta com os olhos marejados.
— Claro, venha comigo.
O homem ruivo então acompanha o médico por um corredor iluminado, as paredes brancas e portas fechadas contribuem para que a iluminação seja ainda mais intensa. Diversas crianças choram por trás de cada uma das portas que eles deixam para trás, ao final do corredor uma enfermeira espera de frente para uma porta aberta.
— É aqui, o senhor pode entrar. Vamos deixar vocês três sozinhos por um momento, foi um parto difícil, mas elas já estão fora de perigo — o médico diz dando passagem ao homem.
— Obrigado, doutor, você salvou minha mulher e filha!
— Daniel? — Uma voz cansada e baixa o chama.
— Rose, vocês estão bem?
— Venha aqui conhecer nossa menina, ela é linda. — Rose diz emocionada.
— Ela se parece com você. — Daniel afirma olhando para a mulher deitada amamentando uma recém nascida.
— Nossa menina.
O silêncio da sala de repente se quebra, os aparelhos ligados à Rose começam a apitar e piscar rapidamente, os olhos dela reviram deixando apenas órbitas brancas enquanto seu tronco se contorce. Daniel toma a criança em seus braços em choque enquanto observa Rose convulsionar. Os médicos entram pela sala conduzindo Daniel e a menina para a porta de saída, enquanto Daniel se retira consegue ver os batimentos de Rose caindo a zero no monitor nada sofisticado e velho.
12 de Janeiro de 2002:
— Papai, papai! — uma garotinha ruiva corre ao encontro de um homem descendo do carro.
— Oi, minha pequena, como foi com a vovó? — Daniel toma a garota nos braços.
— Ela me mostrou as fotos do senhor quando era do meu tamanho. Vovó me disse que eu pareço com o senhor, mas que meus olhos são da mamãe.
O homem engole seco.
— Sim pequena Rose, você tem os olhos da sua mãe. Não há um só dia que eu não te olhe e me lembre dela — ele sorri.
— Papai, o senhor sente falta da mamãe?
— Todos os dias, sinto falta dela todos os dias, Rose.
— Sinto muito.
— Pelo que pequena?
— O primo Charlie disse que a mamãe morreu por minha culpa — a garota chora.
— Ei, não é verdade, pequena Rose. Não chore — ele falha ao acalmar a garota.
— Ele disse que em todos os meus aniversários o senhor fica triste, porque foi o dia em que eu matei a mamãe — ela soluça.
— Ei, olha o que eu tenho para você. Venha ver, seu presente de aniversário — Daniel tenta acalmar sua filha mais uma vez.
Ele a leva para perto do porta-malas e retira uma pequena bicicleta rosa cheia de adesivos e brilhos. A garota olha para o presente, enxuga as lágrimas e abraça Daniel.
— Você acha que se estivesse triste eu iria te dar um presente como esse? — ele pergunta.
— Não.
— Então não chore, pequena, Charlie não sabe o que diz.
Daniel solta a garota no chão, retira a bicicleta do carro e a coloca sobre o jardim para que ela ande. Rose senta-se e começa a pedalar a pequena bicicleta com rodinhas. Daniel volta-se para sua mãe, caminhando em sua direção com uma aparência abatida.
— Mãe.
— Filho, o que houve? — ela olha a menina brincar.
— Por favor, preciso conversar com o Charlie, ele disse a Rose que ela é culpada pela morte da mãe dela. Rose me disse que sente-se triste por ter matado a mãe.
— Você sabe, querido, que isso é uma dura verdade — sua mãe diz severa. — A gestação matou Rose aos poucos, mês após mês a criança sugava sua vida, e mesmo que a culpa não fosse da menina, o que Charlie diz é verdade.
— Mamãe, até a senhora? — ele questiona, bravo, mal podendo acreditar no que escutava.
— Não estou dizendo que Rose tenha matado a mãe, este tipo de gravidez ocorre muito — ela diz.
— Eu vou levar Rose para casa, vocês estão loucos. Não quero que minha filha conviva com esse tipo de preconceito por ter sido um feto difícil para a mãe! — Daniel se vira rumo à garota que anda pela calçada com a bicicleta.
— Filho…
Daniel a passos rápidos começa a descer pelo jardim, a distância entre a rua e a porta da casa girava em torno de 2 metros. Poucos segundos e Daniel já estava a um metro de Rose. A garota desce até a rua com a bicicleta, distraída olha feliz para seu pai, sem perceber o caminhão vindo em sua direção. Daniel corre o mais rápido que pode, em um segundo ele se joga contra Rose, empurrando a menina da bicicleta para longe do caminhão.
Tudo acontece muito rápido, Rose cai de costas no chão, de frente para seu pai e para sua bicicleta, a pequena garota consegue ver em câmera lenta o caminhão ir contra seu pai. O corpo de Daniel e a bicicleta foram prensados contra o caminhão e o carro. O sangue de Daniel escorre pelo chão como água que derrama de um copo, e, em meio às ferragens, ele solta seu último suspiro enquanto olha para a pequena garota em choque, sã e salva.
12 de Janeiro de 2008:
— Parabéns para você, nesta data querida…
— Vocês sabem que eu odeio aniversários! — uma garota ruiva e carrancuda diz ao escutar a música.
— Mas, Rose, não é todo dia que se faz doze anos — uma mulher mais velha diz sorrindo.
— Não me importo.
— Deve ser porque a cada seis anos alguém morre por causa dela — um garoto cheio de espinhas diz rindo.
Charlie! — a mulher adverte.
Rose corre pela cozinha, pula a mesa e segura o garoto pela gola da camisa.
— Fala isso de novo e mais alguém vai morrer por minha causa! — ela diz com a mão fechada na altura do rosto de Charlie.
— Rose, solta seu primo — a mulher diz.
— Seu bastardo de merda, sua mãe deveria ter deixado você no orfanato. — Ela o solta.
— Minha o que? — o garoto arregala os olhos.
— Rose! — uma mulher ruiva diz.
— Que saco vocês! — Rose pega o bolo e o joga no chão. — Eu tô saindo.
— Rose! — sua avó grita.
— Que se fodam todos! — Rose bate a porta da saída.
12 de Janeiro de 2012:
— Você trouxe?
— Claro Rose, vamos? — o rapaz diz de trás do volante.
— Ei Rose, não vá chegar tarde, hein! — sua avó diz da porta.
— Me erra, vovó, hoje eu faço dezesseis! — Rose entra no carro.
— Então, vamos buscar os outros?
— Pé na tábua, Carl! — Rose diz acendendo um cigarro.
Depois de passarem pela casa de mais duas jovens, eles seguem por uma estrada de chão até uma casa de madeira. O local se encontra aparentemente abandonado, janelas trancadas com tábuas pregadas e placas escrito “Saiam!”.
— Ei, vocês querem mesmo fazer isso? — uma garota morena pergunta.
— Não me diga que está com medo, Raissa? — Carl ri.
— Só acho que não deveríamos invadir propriedade privada.
— Deixa de ser medrosa, Raissa!
— Cala a boca, Lari — ela faz um gesto obsceno.
— Calem a boca vocês todos, eu ouvi alguma coisa vindo lá de dentro. — Rose avisa.
— Deve ser algum espírito, buh! — Carl diz.
— Que programa a Rose foi arrumar pra gente — Lari fala.
— Você veio porque quis, Lari, é meu aniversário e eu decido o que vamos fazer. Vocês estão comigo ou não?
— Estamos. Não estamos meninas? — Carl diz.
— Você está fazendo isso só porque a Rose se sente culpada pela morte dos pais dela no aniversário, você nem gosta disso, Carl — Raíssa fala.
Rose avança para cima de Raíssa, ela segura em seu pescoço e olha profundamente para os olhos da garota morena.
— O que você disse, sua maldita?
— Que você tem complexo de inferioridade pela morte dos seus pais, ninguém da sua família te ama e todo mundo te culpa pela morte deles — Raissa diz com dificuldade.
A mão de Rose aperta cada vez mais a traqueia da garota morena enquanto Carl e Lari ficam sem reação.
— Continua falando merda, sua maldita, e eu vou fazer você se arrepender.
— E o que você vai fazer — ela diz com dificuldade. — Me matar?
Rose aperta com toda sua força a garganta de Raíssa, a garota tosse enquanto lágrimas saem de seus olhos. Ela tenta soltar-se de Rose, mas sem sucesso, já não existia oxigênio o suficiente para promover tal força. Rose empurra Raíssa para trás, soltando-a, com as pernas bambas e sem ar ela se desequilibra caindo no chão de terra.
Ao cair, Raíssa bate com sua cabeça contra uma grande pedra.
— Rose… O que você fez? — Lari pergunta espantada.
— A Raíssa provocou! Ela só está fazendo drama — Carl diz.
— Não, ela não está! Raíssa! Ela não está respirando — Lari diz enquanto toma a morena em seu colo.
— Para com isso! — Rose diz.
— Gente, é sério, chamem por ajuda! — Lari Grita.
— Calma Lari, deixa que eu tento acordar ela, vai com a Rose ali na casa e veja se encontra algo pra eu colocar sob a cabeça dela. Rápido! — Carl diz.
— O que está esperando, Rose? — Lari pergunta. — Vem logo!
Lari puxa Rose pela manga da camisa, elas correm até o assoalho e abrem a porta. Agora encontram-se dentro da casa abandonada. Rose acende uma lanterna e varre o cômodo.
— Eu não queria — Rose diz.
— Eu sei que não, ela te provocou. Não foi sua culpa — Lari diz segurando o ombro da garota ruiva.
— Vamos lá em cima, deve ter algo — Rose aponta com a lanterna para a escada.
Ambas sobem os degraus da escada chegando a um corredor cheio de portas fechadas, Rose segue na frente enquanto Lari fica de costas para a escada.
— Lari, você sabe que se a Raíssa morrer eles vão me culpar, não sabe?
— A gente vai dar um jeito, Carl e eu vimos que ela começou.
— Eu não posso deixar ninguém descobrir isso, me perdoe.
— Perdoar? Pelo que? — Lari pergunta.
— Por isso.
Rose empurra Lari da escada, a garota loira despenca dos quatorze degraus batendo com sua nuca e rolando várias vezes. O corpo da garota estaciona logo no início da escada, imóvel e sem vida. Rose segue para um dos quartos, pega um travesseiro velho e mofado, desce as escadas e passa pelo corpo de Lari, dirige-se até a cozinha e pega uma faca enferrujada escondendo-a atrás de suas costas. Ela volta correndo até Carl, que faz massagem cardíaca em Raíssa.
— Que ótimo que vocês… uê, cadê a Lari? — ele pergunta, suado.
— Ela está pegando uma coberta também, para carregar Raíssa caso precise.
— Ótimo, me ajuda aqui, Rose — ele diz, acho que eu consegui reanimá-la.
Rose observa o tórax de Raíssa movimentar-se devagar, ela coloca uma das mãos nas costas agarrando o cabo da faca, com a outra mão entrega o travesseiro para Carl.
— Carl, você sempre foi um cara muito legal comigo. Me desculpe — Rose diz.
— Desculpar, pelo que, Rose?
Rose avança para cima de Carl revelando a faca escondida em suas costas, a desfere um golpe no pescoço do garoto, a faca entra em direção ao tronco dele. Carl tosse sangue e cai de lado agonizando próximo ao corpo de Raíssa. Rose retira a faca do pescoço do garoto, fazendo com que o sangramento seja ainda maior, volta-se para Raíssa e afunda a faca em seu peito.
A garota vai até o carro de Carl, pega um galão e uma mangueira no porta-malas, e se dirige até o tanque do carro para retirar o combustível. Ela enche meio galão de gasolina e reserva, caminha até os corpos, se vira dos amigos e os arrasta para dentro da casa. Rose espalha o líquido por todo o chão e por alguns móveis e ateia fogo com seu isqueiro. Ela sai da casa e anda até o carro, espalha gasolina também pelo veículo e da mesma maneira ateia fogo.
Rose observa seus braços sujos de sangue, ainda com o isqueiro e o resto da gasolina em mãos ela pensa alto:
— Preciso dar um jeito de mudar isso.
Rose molha suas mãos com o combustível, passa pelos seus braços e por alguns lugares de sua roupa e corpo. Ela ateia fogo a si mesma. A garota grita de dor, joga-se no chão e rola para apagar. Segundos depois, sua roupa está com marcas de queimado e seus braços com queimaduras de segundo grau. Rose ainda quebra o próprio pé para simular uma queda da casa, mancando e com muita dor ela se arrasta até a estrada local pedindo ajuda.
— Socorro! — Grita para um carro que vem de longe.
O carro para e um homem pergunta:
— O que houve, jovem?
— Meus amigos, eu… — Rose chora descontrolavelmente. — A gente veio beber e fumar uns cigarros na casa abandonada, mas a casa está em chamas. Eu consegui pular do segundo andar, mas meus amigos estão presos lá.
Me ajude por favor.
O homem ajuda Rose a entrar no carro e juntos começam a subir a estrada de chão, a fumaça é visível de longe, o homem entrega um celular para a garota e pede para que ela chame a emergência. Ao chegarem próximos à casa o homem vê partes dela desmoronando sobre o carro de Carl e totalmente em chamas.
— Vocês estavam em quantos? — o homem perguntou.
— Éramos quatro, três garotas e um garoto. Por favor, precisamos apagar o fogo.
— Não ouço ninguém, seus amigos, eles…
— Nããão! — Rose grita e chora.
12 de Janeiro de 2020:
— Rose — o garoto bate à porta.
Uma garota ruiva deitada sobre a cama responde:
— Vai embora, Charlie.
— A vovó disse para eu te chamar para jantar.
— Já vou — ela se levanta.
Rose coloca um livro sobre a cama, curiosamente o exemplar tem um título “Como salvar pessoas medíocres”. Ela caminha até a porta e a abre depois de ouvir os passos de seu primo ecoarem pela escada, olha para o corredor e não vê mais ninguém.
— Babacas, espero que não me façam mais nenhum bolo — ela resmunga enquanto desce as escadas.
— Ei, Rose — uma idosa diz sorrindo. — Nada de matar ninguém hoje — ela sussurra próximo ao ouvido da garota ruiva.
Rose apenas dá um sorriso amarelo para a senhora.
— Vamos jantar, vovó — ela fala com desdém.
— Ei Rose, você veio jantar conosco! — uma mulher de meia idade sorri.
— Sim titia, hoje é um dia especial — a garota responde.
— Só tenta não se meter em confusão — Charlie diz.
— Só tenta não me provocar, bastardo de merda! — ela retruca.
— Vamos parar os dois. Rose, Charlie já está conformado por ser adotado. Charlie, a Rose não tem culpa dos acontecimentos ruins nos aniversários dela, é só uma menina sem sorte.
— Desculpe, mãe.
— Rose, você pega o peixe para a gente? — a tia pede.
— Vocês fizeram peixe? Eu odeio peixe!
— Do que está reclamando Rose, você come ovos — a avó fala.
— É meu aniversário e vocês fazem a merda de um cardápio que eu não como?
— Como se você ligasse pro seu aniversário — Charlie provoca.
— Charlie! — a tia adverte.
— Certo, fiquem aí. Eu vou buscar o maldito peixe.
Rose dirige-se até a cozinha, caminha até o forno onde encontra uma bandeja cheia de peças de peixe assado. A garota pega um pequeno frasco em seu paletó e derrama o líquido sobre todo o peixe. Torna a guardá-lo e depois retira com cuidado a assadeira do forno.
— Anda logo, está demorando muito — Charlie grita da copa.
— Já vou, bastardinho — Rose responde gritando da cozinha.
— Aqui está a droga de peixe — ela coloca com má vontade sobre a mesa.
Rose observa um por um servir o pescado em seu prato, primeiro sua vó, depois sua tia e depois seu primo idiota, Charlie. Ela olha seriamente para a forma, agora quase vazia.
— Rose? — sua avó pergunta enquanto enche um bom garfo com o peixe.
— O que foi?
— Não vai se servir? — ela come o peixe.
— Estou apreciando.
— Apreciando o que? Sua maluca! — Charlie diz de boca cheia.
— A morte lenta e dolorosa. Sabe Charlie, eu cresci a minha vida inteira com você me enchendo o saco, você nunca me deu paz, quebrava meus brinquedos e caçoava por eu não ter mais meus pais. A senhora, vovó, me culpando pelos cantos pela morte da mamãe e do papai, eu nunca vou lhe perdoar. E tia Daniela, você fez a pior escolha naquele orfanato e trouxe essa aberração para morar com a gente. Queimem todos no fogo do inferno.
— Do que você está falando, Rose? — sua avó questiona brava.
Rose tira o frasco do paletó e diz:
— Eu acabei de envenenar o jantar, daqui a exatamente um minuto todos vocês vão agonizar em minha frente até a morte. Eu passei anos sendo culpada por mortes e vidas que eu não tirei — Rose aumenta o tom de voz. — Minha própria família, que deveria ser a minha base, me acusou… vocês deveriam ter ficado do meu lado. Vocês não sabem a falta que eu sinto da mamãe e do papai. O papai nunca me culpou pela morte da mamãe, e ele que era a pessoa que mais a amava, nunca sequer me fez culpada desse ato.
— Rose, nós…
— Cala sua boca! — ela grita com a idosa. — Você é a pior, vovó, espero que tenha seu fim doloroso. Estou salvando vocês, salvando de serem pessoas medíocres e ferirem mais pessoas.
A avó, a tia e Charlie começam a apresentar sinais de falta de ar, dores abdominais e espumar pelas bocas. Se debruçaram sobre a mesa enquanto agonizavam sobre seus pratos.
— Eu odeio todos vocês! Odeio tudo que vocês tocam ou fazem! Odeio todas as pessoas que me culpam por coisas que eu não fiz! Sabe a Raissa, Larissa e Carl? Fui eu! Eu os matei, matei porque eles me culparam por matar meus pais. Agora todos terão um motivo para me culpar, pois eu matei todos.
Rose senta-se à mesa, serve seu prato, pega seu celular e disca *911.
— Emergência, em que posso ajudar?
— Alô! Meu nome é Rose More e eu quero confessar um assassinato. Um não, seis.
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